São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
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Morador arma 'guerrilha' contra o crime

ANDRÉ LOZANO; ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de se sentir mais seguro, o paulistano arma uma "guerrilha" contra o crime, baseada em pequenos truques para diminuir o risco de ser ele -e não o vizinho- a próxima vítima.
Vale tudo. Do cachorro vira-latas que vigia o barraco na periferia ao aparato tecnológico sofisticado das casas do Jardins (zona oeste).
"São Paulo estimula o comportamento neurótico", lamenta Roberto Saruê, empresário que "se esconde" em um Alfa Romeo 86 (leia texto abaixo).
Saruê é um bom exemplo do comportamento esquisito do paulistano em geral.
Ao parar no semáforo com o carro, ele faz questão de deixar "uma boa distância" para o veículo da frente. Em sua opinião, isso faz o potencial assaltante perceber que está atento e evitar abordá-lo.
"Se percebo alguém se aproximando, ainda dou uma andadinha", conta.
Ele também nunca usa óculos de sol, corrente ou relógio e mora em condomínio fechado.
Meia-lua de compasso
A modelo Petra Schwarz começou a aprender capoeira como uma forma de expressão corporal, na esperança de nunca ter de usá-la para defesa.
"Mas, se não tiver outro jeito, dou uma meia-lua de compasso em quem me atacar", ameaça.
A atriz Adriana Esteves, 26, que está gravando em São Paulo a novela "Razão de Viver", do SBT, diz que tem tanto medo da violência que passou a desconfiar "de tudo e de todos".
Sua principal preocupação é ser vítima da violência à noite. Por isso, ela evita ir a espetáculos que comecem tarde e praticamente veta ensaios que entrem noite adentro.
"Está difícil viver na cidade", diz.
(ANDRÉ LOZANO e ROGERIO SCHLEGEL)

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