São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
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Queda do juro é inócua para consumidor

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A taxa de juros praticada pelo governo deve mesmo cair pela metade neste ano, conforme vem anunciando a equipe econômica do Ministério da Fazenda e o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Mas o efeito prático disso para o consumidor será pequeno, conforme números obtidos pela Folha junto ao mercado.
Segundo uma tabela preparada por economistas da iniciativa privada, mas amplamente utilizada por integrantes da equipe econômica do governo, a taxa federal de juros deve cair 14,21 pontos percentuais neste ano.
No ano passado, a taxa de juros reais (descontada a inflação) foi de 29,18%. Esse percentual foi calculado com base em uma média de todas as taxas de juros pagas pelos títulos públicos federais em poder do mercado.
Neste ano, com base nas taxas praticadas até maio, uma projeção permite inferir que a taxa de juros média de 1996, descontada a inflação, pode ficar em 14,97%.
Pequeno efeito
A queda de 29,18% (em 1995) para os possíveis 14,97% (neste ano) representam diminuição de 48,69% na taxa de juros anual paga pelos títulos públicos federais.
Caso seja considerada a taxa nominal (sem descontar a inflação) praticada pelo governo com seus títulos, no ano passado os juros ficaram em 48,85%.
A taxa nominal neste ano, conforme a projeção obtida pela Folha junto ao mercado, ficará em 27,11%. Isso representará queda de 21,74 pontos percentuais -ou redução de 56,79%.
A queda na taxa de juros dos títulos públicos tem vários efeitos sobre a economia. Entretanto, esse efeito é muito pequeno sobre o juro pago pelo consumidor final.
Enquanto a taxa média mensal nominal praticada em maio pelos títulos públicos federais ficou em 2,03%, os bancos cobravam 10,41% dos seus clientes que recorreram ao cheque especial naquele mês.
Redução menor
Há um ano, em maio de 1995, a taxa nominal dos títulos do governo foi de 3,89%. Naquele mês, os bancos cobravam 13,51% mensais de quem usasse o cheque especial.
Enquanto a taxa do governo caiu 47,81% (de 3,89% para 2,03%), de maio do ano passado para o mesmo mês deste ano, o juro cobrado pelos bancos no cheque especial só teve redução de 22,96% (de 13,51% para 10,41%).
Os dados sobre os bancos foram retirados de uma pesquisa mensal realizada pelo Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor) de São Paulo junto a nove grandes instituições financeiras do país.

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