São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
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Taxas do comércio caem, mas menos do que as do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Outro exemplo do pouco efeito da queda do juro do governo para o consumidor é o comportamento das taxas praticadas pelo comércio em geral.
Segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), o juro médio praticado em maio pelo comércio foi de 10,01%.
A pesquisa da Anefac começou a ser feita em agosto de 95. Naquele mês, a taxa do comércio era de 14,85%. Ou seja, de agosto de 95 até hoje, o comércio baixou a taxa média em 4,84 pontos -ou 32,59%.
Nesse mesmo período, as taxas de juros mensais dos títulos do governo caíram de 3,64% (agosto de 95) para 2,03% (maio passado). Isso representa queda de 1,61 ponto -ou 44,23%.
Segundo o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, há três motivos para que a queda das taxas do governo não seja acompanhada pelo juro praticado no comércio:
1) Inadimplência: como estaria grande o número de pessoas que não pagam em dia suas prestações, o comerciante tenta recuperar as perdas cobrando juro mais alto do bom pagador.
2) Rendimento financeiro pequeno: os títulos públicos puxam para baixo o rendimento das aplicações financeiras. Ao vender uma geladeira à vista, o comerciante pode aplicar o dinheiro em um banco e ganhar, com sorte, 20% ao ano. Se vender a prazo, com os 10,01% de hoje lucra 214,19% ao ano.
3) As taxas que ainda incidem sobre operações a prazo dificultam a queda do juro.

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