São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
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Neocomunista acena com a volta do antigo sistema

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL AO DAGUESTÃO

Os neocomunistas seduzem o eleitorado do Daguestão com promessas de restaurar o sistema de proteção social que existia nos tempos soviéticos e de priorizar o combate à corrupção e à criminalidade.
Nos últimos dois anos, 65 atos terroristas, em especial contra empresários locais, abalaram a região, antes acostumada ao silêncio produzido pela repressão do regime soviético.
"Para boa parte do eleitorado, comunismo lembra estabilidade", analisa o historiador Eldar Magamedov, um habitante de Makhachkala.
Segundo Magamedov, "eles não se lembram mais dos aspectos negativos, como economia estagnada e escassez de alimentos".
"Antigamente, eu podia enviar meus filhos a colônias de férias sem pagar um tostão, o sindicato cuidava de tudo", afirma o bombeiro Umar Taleiov.
"Agora, é preciso pagar preços exorbitantes, até mesmo para coisas como tratamento médico, que antes era gratuito."
Prateleiras cheias, com produtos importados, não impressionam Umar. "Para que servem se eu não posso comprar?", pergunta.
Mahmoud Mallaev, professor aposentado, afirma: "Nossa tragédia é construir o capitalismo a partir do socialismo. Por que não podemos ter um capitalismo civilizado, como nos Estados Unidos?"
Para o historiador Eldar Magamedov, os neocomunistas também conquistam votos ao prometerem acabar com a guerra na Tchetchênia.

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