São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 1996
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'Loucuras de Verão' cultiva nostalgia dos anos 60

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Vamos passar ao largo de "A Malvada" (Globo, 2h20), que acaba de reestrear em São Paulo, com cópia nova.
É um clássico. Mas "Loucuras de Verão" (SBT, 13h30), vulgo "American Grafitti", de George Lucas, não fica muito atrás.
A moda nostalgia dos anos 70 é responsabilidade de Peter Bogdanovich e surgiu com força desde "A Última Sessão de Cinema".
Menos angustiado, George Lucas buscou o lado feliz das coisas, ao evocar o fim do curso colegial de um grupo de estudantes da Carolina do Norte.
Há rock, os vestidos leves e coloridos da época. Há essa despreocupação com a vida característica de quem sabe que está entrando na vida adulta.
Mas de onde vem esse tom, essa força na lembrança de um tempo afinal nem tão antigo assim?
Hoje, fica cada vez mais claro que o "nostalgismo" do início dos anos 70 foi uma reação à Guerra do Vietnã. Agora (no momento em que o filme foi feito), entrava-se na vida debaixo de bala, num país longínquo, por conta de um conflito que a maior parte dos jovens não entendia e muito menos endossava.
O Brasil, que às vezes compra modas norte-americanas sem saber o porquê, embarcou nessa e a bem dizer tinha motivos próprios.
Os anos 70 aqui também foram marcados por uma cisão entre governo militar e estudantes.
O início dos 60, por aqui, ainda era o momento da democracia, da liberdade. No caso, o sentimento local valeu tanto quanto a força do filme: é o melhor que Lucas fez como diretor, e essa força continua intacta.
(IA)

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