São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996
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Defesa faz 'performance'

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Olhos arregalados e gritos. Valeu tudo para Maurício Neville defender a tese de que seu cliente, Marcos Vinícius Emmanuel, foi coagido a atirar no menor Gambazinho no aterro do Flamengo e que, na Candelária, não matou ninguém.
Segundo o advogado, Emmanuel é um policial sem punições, um guarda de trânsito honesto e pobre, que era obrigado a ir ao trabalho de "bicicletinha".
O advogado disse que, na tarde anterior à chacina, o PM prendera um menor que levava cola de sapateiro para os meninos da Candelária. Os menores reagiram à prisão. Uma pedra foi jogada por um garoto e acertou o carro da polícia para onde Emmanuel tinha levado o menino que carregava a cola.
O advogado responsabilizou Maurício da Conceição Filho, o Sexta-Feira 13, ex-PM e amigo de Emmanuel. Conceição teria procurado o réu para propor uma surra nos meninos. O acusado, disse Neville, teria resistido, mas acabou atendendo ao ex-PM.
O defensor chegou a deitar no chão para reproduzir supostas cenas do massacre. Ele disse que, quando foi disparado o primeiro tiro, acertando Wagner dos Santos, Emmanuel insistiu em levar o menino a um hospital.
Neville afirmou que o ex-PM deu uma arma a Emmanuel e praticou tiro ao alvo em postes no aterro para pressioná-lo a participar da matança. "Conceição disse a Emmanuel: 'Vou mandar os garotos correrem e, se você não atirar, atiro em você!"', disse Neville.
(WT)

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