São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Criança não mastiga, e dente-de-leite resiste
DENISE MOTA
A segunda dentição começa a nascer por trás dos dentes-de-leite, que só cedem espaço para os permanentes à força: é preciso ir ao dentista para arrancá-los. A troca regular dos dentes começa, em média, aos 6 anos de idade. Os dentistas apontam a falta de mastigação como uma das possíveis causas para a resistência dos dentes "moles" em cair. "Alguns pacientes simplesmente esqueceram que a principal função dos dentes é a mastigação", diz Maria Salete Nahas Pires Correa, 52, professora de odontopediatria da USP, que está fazendo uma pesquisa sobre o assunto. Maria Salete diz que as crianças hoje comem poucos alimentos sólidos e "engolem a comida, sem mastigar". "As mães precisam ter paciência e ensinar os filhos a comer. Elas têm uma vida tão atribulada que querem acelerar o tempo de mastigação dos alimentos", afirma. Segundo ela, o correto é que cada alimento seja mastigado pelo menos 20 vezes. Banana e farinha láctea Os dentes incisivos centrais inferiores do garoto Olavo Nogueira, 7, nasceram por trás dos de leite (que já deveriam ter caído) e tiveram que ser arrancados. Na parte central superior, um dos incisivos do garoto só caiu depois de uma queda na escola. O outro ainda não amoleceu. A artista plástica Maria Valéria Young Coutinho Nogueira, 37, mãe de Olavo diz que ele só começou a comer alimentos mais sólidos aos 11 meses de idade. A alimentação era basicamente de banana com farinha láctea e de alimentos picados ou desfiados. "Até hoje ele só come frutas em pedacinhos", explica. Também com 7 anos, Beatriz Salerno está tendo uma troca de dentes levemente melhor do que Olavo. Ela arrancou os dentes centrais inferiores, mas os superiores caíram sozinhos. Segundo sua mãe, a psicóloga Maria Beatriz Genta Salerno, 32, a menina alimentou-se de papinhas, sopas e do leite materno até o primeiro ano de vida, quando passou a comer alimentos amassados com garfo, sob orientação do pediatra. "Ela gosta de comida molinha mesmo e em pouca quantidade", conta Maria Beatriz. A psicóloga diz que a filha come alimentos duros como cenoura e carne apenas uma vez por mês. "Acho que na minha época minha mãe cortava uma carne mais dura. Se eu faço uma carne mais dura, ninguém come. Agora, a criançada só quer saber de filé mignon." Texto Anterior: França terá transporte grátis para reduzir carros Próximo Texto: Excesso de flúor é prejudicial Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |