São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996 |
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Ravi Coltrane encara sombra do pai
CARLOS CALADO
"Não escolhi a música porque meu pai ou minha mãe tocavam", disse Ravi à Folha, logo após seu segundo "set" no Zinc Bar, um minúsculo clube de jazz, em um porão do Soho nova-iorquino. "Decidi tocar como qualquer outro garoto que gosta de algo que ouve e resolve ser parte dessa coisa. Minha motivação é pura e muito pessoal. Nada a ver com meus pais", garante. A madrugada de sexta-feira foi bastante especial para Ravi. Na platéia, entre outros músicos, estavam Rashied Ali, último baterista que tocou com John Coltrane, e sua segunda mulher, a pianista Alice. "Rashied me ajudou bastante. Quando eu ainda estava estudando na Califórnia, durante as férias eu vinha para a casa dele, aqui em Nova York, e tocávamos juntos todos os dias. Foi a chance de aprender muito e absorver sua energia", conta o saxofonista. Ravi -que ganhou esse nome em homenagem ao músico indiano Ravi Shankar, ídolo de seus pais- tinha apenas dois anos quando John morreu, em 1967. Apesar de ter começado a aprender clarinete ainda na escola primária, Ravi só pensou seriamente na carreira de músico dez anos atrás. Apadrinhado pelo baixista Charlie Haden, matriculou-se no Instituto de Artes da Califórnia, já interessado no sax tenor e no soprano, exatamente como seu pai. "Demorei um pouco a descobrir o jazz. Sempre gostei de vários tipos de música, de trilhas sonoras, de James Brown. Só comecei a ouvir os discos de John Coltrane, assim como os de Sonny Rollins, de Charlie Parker ou Sonny Stitt, quando eu já tinha 18 anos". Pressão O nome famoso, segundo Ravi, nem sempre ajudou. "Às vezes, ele torna as coisas mais difíceis. Não quero me envolver com pessoas que ficam falando em meu pai o tempo todo. O que me interessa, antes de tudo, é a música." A pressão para gravar seu disco também não parece perturbá-lo. "Não tenho pressa. Acho que preciso amadurecer mais como músico e compositor. Não quero fazer um disco apenas pela oferta de um bom contrato. Só pretendo gravar quando achar que tenho algo de verdade a dizer", diz o herdeiro. O jornalista CARLOS CALADO viaja a convite da United Airlines e da JVC do Brasil. Texto Anterior: Os intérpretes escolhidos Próximo Texto: Tears for Fears retorna sem Curt Smith Índice |
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