São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Suzana pode ter sido seguida por 3 pessoas

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Além do investigador contratado pela família Farias, Suzana Marcolino pode ter sido seguida por mais duas pessoas na noite em que se encontrou com o dentista Fernando Colleoni, na antevéspera da sua morte.
A polícia investiga a informação passada pelo detetive particular Alceu Alves Guimarães, 40, contratado pela família Farias para seguir Suzana em São Paulo.
Guimarães prestou depoimento ontem à tarde. A polícia pretende ouvir dois funcionários de Guimarães, dono da Mega Detetives, que acompanharam a noite de Suzana.
Identificados apenas como Luiz Carlos e Toninho, eles teriam visto uma moto seguindo Suzana de Santo André -onde mora a tia dela- até o restaurante Carlota, em Higienópolis (zona central).
Contratação
Guimarães afirmou que foi contratado por R$ 1.500 para trabalhar três dias, sem ser informado de que ela era a namorada de PC. O contato foi feito, segundo o investigador, pelo empresário Caio Ferraz, também procurador de PC em São Paulo. A polícia ainda tentava ontem localizar Ferraz para ouvi-lo.
Ferraz pediu a Guimarães, conforme o relato deste, que "verificasse a conduta" de uma mulher que viria no vôo 346 da Varig, com chegada às 17h30 de quarta.
Guimarães afirmou que destacou três agentes que trabalham com ele para acompanhar Suzana 24h por dia.
Ontem, ele apresentou à polícia uma fita na qual gravou, por cerca de 20 minutos, três telefonemas entre ele e, supostamente, Caio Ferraz, já depois da morte de PC.
Telefonemas
No primeiro telefonema, segundo Guimarães, Ferraz afirmou que o havia contratado a pedido de Augusto Farias. No segundo, o empresário teria dito que o contratou a pedido de PC.
Na fita, à qual a Folha teve acesso, Guimarães pergunta a Ferraz se a família havia contratado mais alguém para seguir Suzana. "Você contratou mais alguém? Tinha mais gente atrás da moça."
O empresário nega. Guimarães afirma que seus funcionários estão com medo. Ferraz retoma a discussão cobrando um relatório. O detetive interrompe e insiste: "Mas não tinha outra equipe nesse negócio?" Ferraz reafirma: "Eu não contratei ninguém."
Em determinado momento, a conversa se torna ríspida. "Seu trabalho acabou no sábado. Faz esse relatório criterioso e me entrega", afirma Ferraz, segundo a gravação apresentada à polícia. O detetive diz: "Tenho mais elementos do que você imagina."
Ferraz encerra o primeiro telefonem: "Da parte de quem me mandou contratar o senhor, só o senhor foi contratado."
No segundo telefonema, sempre conforme a fita apresentada à polícia, Guimarães afirma que seus funcionários querem falar com imprensa e polícia sobre o que viram. "Estou tentando evitar", diz.
Ferraz responde dizendo que contratou um serviço sigiloso. "Se vazar, quem vai entrar em confusão é a Mega Detetives."
Nesse segundo telefonema, Ferraz explica, a pedido do detetive, quem o contratou: "Dr. Paulo não tinha nada a ver com isso. (Suzana) era uma menina de programa. Os irmãos dele, família Farias, procuraram de certa forma abrir os olhos do irmão, pois ele estava se envolvendo com uma pessoa sem idoneidade. Eles procuraram comprovar algum deslize dela."
Diante da não-entrega do relatório por Guimarães, Ferraz afirma: "O pessoal de Maceió já está sabendo que o senhor não quer dar o relatório." O detetive pergunta: "O senhor está me ameaçando?" A resposta: "Não. Mas você tinha um serviço a fazer."
No terceiro telefonema, Guimarães coloca seu advogado, Wanderley Paleari Pereira, em contato com Ferraz. "Não estou com medo de polícia, de imprensa, só quero cumprir a incumbência que me deram", afirma Ferraz.
Nessa ligação, ele diz que "fez o trabalho a pedido do falecido", contradizendo-se em relação ao telefonema anterior.

Texto Anterior: Fita sugere outra pessoa com Suzana
Próximo Texto: Desemprego é o problema mais grave
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.