São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Juros altos derrubam os ativos reais

CDB rende mais de 100%

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Ao lado do câmbio, os juros foram um dos pontos marcantes dos dois primeiros anos do Plano Real.
Ativos como veículos, dólar, ouro e ações, e até mesmo imóveis, deixaram de ser refúgio de investidores, que foram em massa atrás das aplicações de renda fixa. O Índice Bovespa se valorizou menos do que a poupança.
Esta taxa equivale a um ganho real de 44,23% sobre a inflação medida pela Fipe, estimada em 56% para os dois primeiros anos do Real. Na média, dá 1,54% real ao mês, ou 20,09% ao ano.
As empresas sentiram mais o efeito dos juros porque o crédito custa bem mais e o parâmetro para elas é o câmbio. Em dois anos, o real se valorizou muito frente ao dólar e só agora supera a paridade de um por um, da partida do Real.
A abertura comercial também inibiu reajustes de preços e as empresas foram obrigadas a cortar as margens de lucro.
Os juros vinham em queda após o Real, mas em março de 1995, com a economia correndo num ritmo de 10% ao ano, déficits na balança comercial e capitais saindo do país, em função da crise mexicana, o governo temeu pela sorte do plano. Segurou o câmbio numa banda e elevou os juros.
As aplicações de pessoas físicas não variaram tanto quanto o juro básico, mesmo por que são tributadas no resgate.
Mas um CDB de grande investidor chega a acumular mais de 100% de rendimento nominal líquido em dois anos, com 30,77% sobre a inflação.
Os fundos de renda fixa renderam 96%, mas se transformaram na grande vedete do Real e aniquilaram a poupança.

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