São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Expansão da Telesp segura preços livres

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O novo plano de expansão da Telesp, cujo prazo de entrega de formulários termina hoje, derrubou os preços das linhas telefônicas no mercado livre de São Paulo.
Em junho -a Telesp anunciou o plano no dia 21 de maio- houve queda de 6,6% nos preços, com o que a valorização acumulada no semestre recuou para 6,4%, com base na mesma amostra.
Pesquisa do Balcão do Telefone em 42 regiões mostra queda ainda maior: de 15,89% na capital e de 7% no Grande ABC.
A dúvida é se esta queda não será mais uma vez passageira. Nos últimos anos, o preço no mercado informal tem vivido de expectativas.
Edmon Rubies, da Bolsa de Telefones, empresa de intermediação de negócios no setor, prevê para agosto ou setembro nova reversão da tendência dos preços.
Rubies duvida da capacidade da Telesp em atender rapidamente à procura e, para ele, aos poucos as pessoas "vão cair na realidade". Os preços voltariam a subir.
O que ocorreu em junho, diz Rubies, foi o temor de rápida desvalorização, repetindo movimentos já observados neste mercado.
Muitos que já têm o direito sobre uma ou várias linhas resolvem vender para "realizar lucro", na expectativa de pagar menos daqui a alguns meses. Enquanto isso, aluga outra linha.
O preço oficial da Telesp é hoje de R$ 1.117,63, contra R$ 4.218, por exemplo, da média de nove linhas pesquisadas pelo Datafolha.
Na opinião de Rubies, investir em linha telefônica ainda é bom negócio porque o aluguel equivale, em média, a cerca de 3,5% do preço. No mercado financeiro, as aplicações dão 1,5% líquido.
Risco de perda
O consultor Paulo Possas, da PJ Possas Gestão de Patrimônio, discorda. "Há muito tempo telefone não é mais considerado investimento. Há risco de perda de capital", afirma ele.
O aluguel está mesmo acima de 3%, acrescenta Possas, mas o valor da linha tende a cair com os planos de expansão de linhas cabeadas e, principalmente, com a maior oferta de celulares, de instalação mais rápida. O impacto sobre a procura, diz o consultor, é geral.
Possas cita o caso da Argentina, onde o telefone caiu de US$ 10 mil para US$ 500 depois da privatização. Em Alphaville, na Grande São Paulo, uma linha chegou a US$ 8.000 e hoje está em US$ 3.500.
A tendência no Brasil, na opinião do consultor, é a do mundo todo. A linha em si custar muito pouco e ser instalada rapidamente. O usuário paga mais pela tarifa básica e pelo uso que faz do telefone.
Para Rubies, as promessas de maior oferta pelas "teles" oficiais não têm sido cumpridas. Em agosto de 1992, o governo anunciou grandes planos, os preços caíram e depois, como nada saiu do papel, a valorização voltou com força.
Possas argumenta que a capacidade de investimento das concessionárias tipo Telesp aumentou muito com a recomposição tarifária, que deve continuar. A Telebrás e as "teles" saíram do prejuízo para lucros significativos.
Com seu novo plano, a Telesp espera mapear a procura entre os paulistanos e orientar os investimentos da empresa.
A expectativa é de que 2,5 milhões de interessados da capital paulista devolvam os formulários até hoje. As 800 mil novas linhas já programadas atenderão primeiro aos remanescentes do plano de 1994, cerca de 300 mil. Para 97, a meta é mais 1 milhão de linhas.

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