São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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McNamara quer fim de armas nucleares

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se o fim repentino da Guerra Fria foi uma das maiores surpresas dos últimos anos do século 20, igualmente difícil de imaginar foi a mudança na cabeça de alguns dos mais famosos dos "guerreiros frios", especialmente aqueles que eram apelidados de "falcões".
Na terminologia política americana, um "falcão" era um sujeito disposto a derrotar o comunismo onde quer que estivesse, com os meios que fossem necessários.
O americano Robert McNamara encarnou como ninguém essa ave de rapina. Hoje ele está no outro lado do espectro de atitudes. De falcão, virou "pomba", como demonstrou em uma palestra em São Paulo na última sexta-feira.
McNamara foi secretário da Defesa do presidente John Kennedy e de seu sucessor, Lyndon Johnson.
Teve papel de destaque na crise dos mísseis de Cuba, em 1962, quando os soviéticos tinham baseado armas nucleares na ilha caribenha. Mas ficou conhecido principalmente por ter sido um dos principais arquitetos do envolvimento americano no Vietnã.
Ele também ajudou a rever a estratégia nuclear americana na década de 60. Depois da crise cubana, se viu que não seria possível responder a qualquer ameaça soviética com uma guerra total, mas que a resposta teria de ser "flexível".
Hoje McNamara participa de uma comissão internacional para desenvolver propostas para "um programa realístico para se obter um mundo totalmente livre de armas nucleares", que deverá divulgar um relatório em agosto.
"Nenhum país, nem os EUA, pode permanecer sozinho em um mundo no qual as nações estão inextricavelmente ligadas umas às outras econômica e ambientalmente, e em relação à segurança".
Ele acredita que os países precisam criar um sistema de segurança coletiva e aceitar decisões coletivas -algo particularmente difícil no caso dos EUA. "Para o sistema sobreviver, outros países -em particular a Alemanha e o Japão, mas também o Brasil- terão de aceitar compartilhar riscos e custos.

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