São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996 |
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Autopeça vê saída nas associações MWM procura parceiros ARTHUR PEREIRA FILHO
Thomas Wagner, presidente da empresa que produz 75 mil motores/ano, diz que os entendimentos vêm sendo mantidos com vários candidatos. "Até o final de 96 espero concluir pelo menos uma parceria", diz. Para a MWM, que opera há 43 anos no Brasil, o principal motivo para sair em busca de um sócio no exterior não é aquisição de novas tecnologias. "Tecnologia nós temos. Precisamos de parceiros para aumentar o volume de produção e atender aos clientes no exterior", diz Wagner. A iniciativa da MWM não é um fato isolado. Nos últimos meses, acelerou-se a procura de empresas brasileiras do setor de autopeças por associações ou fusões com parceiros internacionais. A Metal Leve é um exemplo recente: no mês passado, a empresa, tradicional fabricante de pistões, passou para o controle do grupo alemão Mahle. Outras operações semelhantes ainda devem ocorrer a curto e médio prazo. A globalização e a abertura da economia brasileira acirraram a concorrência. Com menor escala de produção, preços mais altos e alíquotas de importação reduzidas, a indústria brasileira perdeu terreno para os fornecedores internacionais. Sem volta As empresas estrangeiras levam outra vantagem importante: participam dos projetos dos carros mundiais em desenvolvimento nas matrizes e fazem contratos de fornecimento para vários países. Para se manter no mercado, as empresas brasileiras precisam fazer parcerias. Objetivo: adquirir novas tecnologias e mercados. Para Thomas Wagner, o processo de fusões e joint ventures no setor de autopeças, desencadeado com a abertura da economia, não tem volta. "Entramos no mercado global e temos de jogar com as regras do mercado aberto." Segundo Wagner, há muito interesse pelos produtos desenvolvidos pela MWM e a empresa já participa de projetos no exterior. Mas, segundo ele, é inviável produzir apenas no Brasil para atender o mercado europeu, por exemplo. Wagner não dá detalhes sobre os projetos em que a MWM está envolvida nem sobre os potenciais parceiros. Mas a intenção, segundo ele, é estabelecer uma base industrial em países como Hungria e República Tcheca. Nesse caso, a MWM entra com a tecnologia e o parceiro com a unidade de produção. Tendência internacional Wagner diz que o processo de concentração da indústria de autopeças não atinge apenas o Brasil, é uma tendência internacional. "As fusões estão ocorrendo em todos os países", diz. Isso porque as montadoras adotaram o conceito do veículo mundial (carro idêntico produzido em vários países), o que reduz custos e permite o "global sourcing", ou seja, a aquisição de componentes em qualquer parte do mundo, pelo menor preço. "Para ter custo competitivo e sobreviver no mercado globalizado a empresa precisa ter volume de produção", diz Wagner. No Brasil, Wagner prevê mais fusões e aquisições de empresas do setor nos próximos meses. "O processo vai se acelerar. Produtos que serão lançados até o ano 2000 estão sendo definidos hoje nas matrizes. Quem não quiser ficar de fora terá de fazer acordos com parceiros internacionais." Segundo Wagner, as mais afetadas serão as pequenas e médias empresas, que não têm tecnologia própria. "Quem não adquirir tecnologia de terceiros será substituído por empresas globais." Texto Anterior: Brasileiro fatura mais por m² Próximo Texto: Globalização ameaça a sobrevivência da indústria Índice |
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