São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996 |
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O novo real
VALDO CRUZ Brasília - O real completa hoje dois anos de vida. Nesta primeira etapa, mostrou-se um sucesso no combate à inflação.Nestes 24 meses, a inflação foi de 56%. Bem perto da registrada no mês anterior ao lançamento do plano, de 51%. O mesmo desempenho não se repete quando se trata de crescimento econômico do país e taxa de desemprego. No mesmo período, o governo FHC colocou um freio no crescimento brasileiro, fazendo aumentar o número de desempregados. Economistas que criticam o Plano Real atribuem à defasagem cambial boa parte da culpa pelo fraco crescimento do país. O câmbio perde para a inflação desde o início do real. As importações ficaram mais baratas, forçando uma queda nos preços por meio da concorrência com os produtos estrangeiros. Isso não vai mudar. E quem avisa é Antonio Kandir (Planejamento), escolhido por Fernando Henrique Cardoso para ser o "ministro do desenvolvimento". Os críticos esperavam que Kandir conseguisse vencer uma batalha perdida por seu antecessor, José Serra. O atual candidato a prefeito de São Paulo tentou, sem sucesso, mudar a política cambial. Isso não significa, destaca Kandir, que o governo vá continuar na mesma linha da primeira etapa do real. Sob o comando do ministro Pedro Malan (Fazenda), o crescimento foi sacrificado em nome do combate à inflação. Como a política cambial não vai mudar, Kandir diz que o caminho do crescimento é o incentivo das exportações brasileiras. Confiante na sua estratégia, Kandir acredita que no próximo ano o país possa crescer em torno de 5%. Contará com o apoio do Palácio do Planalto. FHC sabe que, para aprovar a reeleição, não bastará apenas manter a inflação baixa. O país terá de crescer e reduzir o desemprego. O real, em seu terceiro ano, terá mais jeito de Kandir do que de Pedro Malan. Texto Anterior: Mortos, machos e mulheres Próximo Texto: Troca de bastão Índice |
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