São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996
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Língua portuguesa é um doente terminal na região

CLAUDIO GARON
DO ENVIADO ESPECIAL A MACAU

Macau é um território no qual a administração pública fala português, a população, cantonense, e o mundo dos negócios, inglês.
Dessas três, a menos usada talvez seja o português. Nem sequer os funcionários da imigração a conhecem. Tanto é verdade, que as datas nos carimbos de entrada e saída no território vêm em inglês.
As ruas têm nomes portugueses, mas é inútil dizê-los para um motorista de táxi: quase todos são unilíngues em cantonense.
Não se esqueça de pedir no hotel um cartão com o nome do estabelecimento em chinês para o caso de precisar de ajuda para voltar.
Uma vantagem de conhecer o português revela-se na hora das refeições: vários restaurantes dispõem de cardápios em português.
Os números indicam que só 1,8% dos residentes de Macau têm no português sua língua materna. Bem menos do que os quase 30% que são cidadãos portugueses.
Mandarim x cantonense
O dialeto chinês falado em Macau e na vizinha Hong Kong é o cantonense, diferente do mandarim, que é a principal língua da República Popular da China.
As duas partilham a mesma escrita, mas diferem bastante na linguagem oral. Essa diferença levou empresários e estudantes dos dois territórios a estudarem mandarim para se preparar para a soberania chinesa nos antigos entrepostos português e britânico.
Assim como o Brasil e Cabo Verde, Macau tem uma variação própria da língua portuguesa, a "doci papiaçâm di Macau".
Hoje está praticamente morto. Isso se deve, em grande parte, à imigração chinesa. (CG)

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