São Paulo, terça-feira, 2 de julho de 1996
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Banco Mundial vê risco de 'populismo'

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

O baixo crescimento econômico e o desemprego são os principais responsáveis pela queda de popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso, trazendo o risco de volta o risco do "populismo", alertou ontem o Banco Mundial.
Em documento divulgado ontem em Bogotá durante conferência sobre perspectivas econômicas e sociais da América Latina, o Banco Mundial apontou o que considera sinais inquietantes na região -entre eles, a queda de popularidade de FHC.
Segundo o Banco Mundial, o crescimento na América Latina está baixo, comprometendo a aprovação popular das reformas e da economia de mercado, devido a onda de insatisfação.
Vítimas da onda
Entre as vítimas dessa onda, segundo o documento, estão Carlos Menem, da Argentina, e Alberto Fujimori, do Peru.
Com o aumento do desemprego, voltam a surgir bases para políticos populistas, contrários à abertura das fronteiras, privatização, cortes de gastos públicos, dificultando o combate à inflação.
O maior desafio dos presidentes é apressar as reformas, aumentar as exportações, e, com um crescimento sustentável, ganhar apoio na população, excluídas dos benefícios sociais.
Para o Banco Mundial, o efeito na opinião pública da inflação baixa tende a desaparecer e as pessoas passam a exigir mais empregos e melhores salários.
Reformas liberalizantes
"É possível detectar na América Latina o aumento da decepção e um ceticismo sobre as reformas liberalizantes", aponta o documento, reconhecendo que o Banco Mundial errou ao prever uma recuperação mais rápida da crise do México.
Os países são confrontados com a necessidade de reduzir as causas da inflação, segurando seus déficits e, ao mesmo tempo, aplicar políticas que ataquem a pobreza, especialmente a educação.
Esses objetivos nem sempre são compatíveis e, muito menos, conseguem ter um ritmo desejado pelos mais pobres.
Crise do México
O Banco Mundial afirma que, com a crise do México, os países foram obrigados a apelar a taxas de juros que comprometeram o crescimento.
E só conseguiriam ultrapassar esse obstáculo se reduzissem seus rombos orçamentários.
Justamente, nesse momento, os presidentes necessitam de sustentação para aprovar medidas no Congresso, o que, segundo o texto, está faltando para o presidente Fernando Henrique, que teve várias derrotas parlamentares.
Rombo incompatível
O Banco Mundial considera que o Brasil ainda tem um rombo orçamentário incompatível com a necessidade de o país crescer na forma sustentada. E apontou como um dos fatores a ajuda aos bancos que, em suas contas, saiu por 2% do Produto Interno Bruto.

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