São Paulo, terça-feira, 2 de julho de 1996
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Laudo deve indicar suicídio da namorada de PC Farias

LUIZ CAVERSAN
GABRIELA WOLTHERS

LUIZ CAVERSAN; GABRIELA WOLTHERS
ENVIADOS ESPECIAIS A MACEIÓ

Para sociedade de medicina legal, Palhares está na mesma direção

O laudo cadavérico realizado nos corpos de Paulo César Farias e Suzana Marcolino está pronto e contém informações suficientes para se concluir que houve homicídio seguido de suicídio. Ou seja, Suzana Marcolino matou PC Farias e depois se suicidou.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Legal, Anelino Resende, que teve acesso ao laudo, os exames da perícia técnica conduzida por Fortunato Badan Palhares também devem caminhar para a mesma direção.
Agora só falta a assinatura do legista que comandou a autópsia, Gerson Odilon, para a conclusão oficial do laudo.
O anúncio da conclusão das investigações -tanto as realizadas pelos peritos e legistas locais quanto as da equipe de Palhares- caberá ao delegado que preside o inquérito, Cícero Torres.
Para Resende, os laudos obedeceram a todos os procedimentos técnicos que devem ser empregados nesse tipo de trabalho.
"É impossível que algum legista possa dizer que esse laudo contém falhas. Ele está tecnicamente correto", afirmou Resende.
100%
Resende disse também que um laudo realizado nesse tipo de crime nunca pode ser 100% conclusivo sobre como foram as mortes.
"Mesmo num caso em que tudo indique suicídio, há sempre a possibilidade de alguém ter segurado a arma do crime junto ao corpo da vítima e atirado", afirmou.
O laudo dos legistas alagoanos deverá informar que transcorreram no máximo 15 minutos entre o momento em que PC Farias foi atingido e a sua morte.
Resende descartou a possibilidade de os legistas alagoanos terem sofrido qualquer tipo de pressão para conduzir os laudos para conclusões pré-determinadas. "Se tivesse constatado pressões, eu iria protestar junto às autoridades locais, denunciar à imprensa e à Anistia Internacional", afirmou
Exames
Marcos Antonio Peixoto, diretor do Instituto Médico Legal de Maceió, onde foi realizada a autópsia dos corpos, também disse ontem que o laudo não chegará a uma conclusão, mas oferecerá subsídios para isso.
"Apresentaremos um laudo cadavérico. A investigação e a conclusão caberão à polícia", afirmou.
Peixoto disse ainda que o laudo trará a informação de que Suzana Marcolino não manteve relações sexuais nas 48 anteriores ao crime. "Se manteve com o dentista de São Paulo, usou camisinha".
Exames
Peixoto afirmou ainda que foram cumpridos os seguintes procedimentos: pesquisa de infecção genital, exame de constatação de presença de esperma (ambos apenas no corpo de Suzana), coleta das impressões digitais, amostra de sangue e raios x -apenas no corpo de PC Farias para descobrir onde estava alojado o projétil que o matou.
Peixoto garantiu que os exames clínicos corporais feitos no cadáver de Suzana não detectaram nenhuma fratura.
Exames hormonais não constataram gravidez ou realização de aborto nos últimos 30 dias.

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