São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996
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Polícia busca acusados de mortes no MA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

A polícia iniciou ontem buscas para efetuar a prisão temporária de sete pessoas acusadas de envolvimento na invasão da fazenda Cikel, em Buriticupu (distrito de Santa Luzia, a 400 km de São Luís), onde quatro pessoas foram mortas em 11 de junho.
Entre os sete acusados, estão dois coordenadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Gilvânia Ferreira, 26, e José Ribamar Sales, 35.
Nenhum líder ou advogado do MST foi localizado ontem nas sedes do órgão em São Luís e em Imperatriz (oeste do Maranhão) pela Agência Folha.
Os pedidos de prisão foram deferidos anteontem pela juíza Maria José Mata Roma, de Santa Luzia.
Depoimento
Gilvânia e Sales já tinham sido ouvidos na segunda-feira pelo delegado Rubens Sérgio dos Santos, autor dos pedidos de prisão temporária e presidente do inquérito sobre o caso.
Segundo o delegado, Sales teria confirmado que estava na sede da fazenda com os sem-terra no dia 11. Para Santos, ele teve "participação na ocultação dos cadáveres".
"As mortes aconteceram numa terça, e os corpos só foram retirados da fazenda numa sexta. Ele era um dos líderes do pessoal e não fez nada para evitar", afirmou o delegado.
Gilvânia, segundo Santos, não participou da invasão, "mas a incitou numa passeata no dia 3 de junho".
Ambos disseram em seus depoimentos "não ter controle" sobre os outros cinco acusados. Um deles, Vicente Vieira, teria confessado a uma testemunha ter assassinado pelo menos um dos três funcionários da Cikel mortos.
Ele também é o principal suspeito de ter sequestrado o segurança Francisco Antônio, que morava na fazenda e continua desaparecido.
Na versão do MST, os três funcionários da Cikel mortos seriam "pistoleiros" que teriam chegado à fazenda atirando contra os sem-terra.
Depois que José Domingos Bezerra, 31, foi morto, os sem-terra teriam partido para o revide. Na versão da polícia, não houve tiroteio, mas sim uma emboscada dos sem-terra contra os funcionários da fazenda, e Bezerra não era sem-terra, mas um intermediário de madeireiras.

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