São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996 |
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PF procura conexão com o Collorgate
XICO SÁ
Além de não acreditar que o crime tenha sido passional, os policiais federais investem no rastreamento de transações comerciais mais recentes de PC. A obsessão da Polícia Federal é tentar descobrir o paradeiro do dinheiro de PC. A preocupação é alimentada pelo delegado aposentado Paulo Lacerda, responsável pelas investigações do Collorgate, esquema de corrupção montado por PC Farias quando Fernando Collor de Mello era presidente do país (1990-92). 'Cão farejador' O principal responsável por esse trabalho já está em Maceió. É o delegado Pedro Berwanger, 46, conhecido como "cão farejador". O apelido é cultivado por seus colegas da PF. Berwanger é tido hoje como um dos principais investigadores da corporação e um dos poucos a ter realizado cursos de aperfeiçoamento no FBI -a polícia federal dos EUA. A quebra -já efetuada- do sigilo telefônico de PC e dos seus irmãos é considerada uma das principais fontes de informações para a PF saber quais negócios do grupo teriam ligações com o Collorgate. Foi quebrado inclusive o sigilo de todos os telefones celulares da família Farias. O resultado da devassa é um total de quase 2.000 ligações para uma série de 660 pessoas que mantiveram contatos com PC e os seus irmãos nos últimos 30 dias. Nem mesmo durante as investigações da CPI do PC uma devassa telefônica teve alcance tão amplo. Suspeitos A PF tem ignorado até o momento a motivação passional para a morte de PC e de sua namorada. As suas apurações estão voltadas para uma pergunta: a quem interessava a morte do empresário? Além do ex-tesoureiro ser considerado um "arquivo vivo", para a PF existem outros dois pontos importantes: 1) a morte de PC poderia interessar a pessoas com quem mantinha negócios mais recentes ou "sócios" de transações comerciais; 2) o assassinato poderia também interessar a antigos "sócios" ou "testas-de-ferro" de negócios dos tempos do Collorgate. Assim que o perito Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade de Campinas), deixou Maceió na tarde de ontem, o delegado Pedro Berwanger foi ao local do crime. Na casa de praia de Guaxuma, onde morreram PC e a sua namorada Suzana, o delegado ouviu informalmente os funcionários de PC e observou minuciosamente todas as dependências. Berwanger e a sua equipe de cinco agentes pretendem refazer todo o caminho já trilhado pela Polícia Civil de Alagoas. Ele deve tomar novos depoimentos de pessoas já ouvidas. O objetivo é checar os álibis dos envolvidos no inquérito e reconstituir os seus últimos dias na convivência de PC. Uma personagem do caso em quem a PF deve investir é Zélia Maciel, prima de Suzana Marcolino. Zélia acompanhou Suzana durante todo o dia da compra da arma do crime. A Polícia Federal avalia que pode tirar de Zélia informações sobre a motivação do assassinato. Texto Anterior: Os testes de Badan Palhares Próximo Texto: Irmão de PC pode ter dormido na casa Índice |
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