São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996 |
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Insônia incurável mata policial francês
LUIZ ANTÔNIO RYFF
A doença é caracterizada pela incapacidade do cérebro de entrar em fase de repouso durante o sono. O tempo entre os primeiros sintomas e a morte é de 12 a 24 meses. A doença sempre mata. Segundo o professor Gilles Géraud, chefe do serviço de neurologia do Hospital Universitário de Rangueuil, em Toulouse, a doença não tem nenhuma relação com a insônia comum. "No início, a doença se manifesta simplesmente como uma insônia. Mas logo os pacientes começam a sofrer deterioração das faculdades intelectuais, perda de equilíbrio e da capacidade motora", explicou à Folha. Foi o doutor Géraud quem noticiou a doença anteontem. Ele decidiu tornar público o caso para acabar com o rumor de que o policial seria uma vítima da "doença da vaca louca". "A insônia fatal é uma anomalia genética que causa uma doença neurológica extremamente rara. Mas não tem nada a ver nem com a insônia banal nem com a 'doença da vaca louca"', disse. Segundo Géraud, a doença foi descrita pela primeira vez há dez anos, mas somente há três anos sua origem foi descoberta. Até hoje, a medicina registrou a ocorrência de casos em cerca de 15 famílias no mundo. A doença se manifesta em cerca de 50% dos membros da família. Por enquanto, segundo o médico, a doença não tem cura. A medicina ainda não conseguiu explicar determinadas características do mal. Por exemplo, por que a insônia fatal atinge alguns membros da família e outros não; ou o que é necessário para acionar essa anomalia genética. "O paciente se deita para dormir. Nem chega a fechar os olhos. Mas não se dá conta de que não dormiu", conta Géraud. Quem sofre da doença não consegue dormir nem com a ajuda de medicamentos. "Por menor que seja, qualquer tratamento psicotrópico produz um agravamento do estado de saúde", afirmou o neurologista. No início da doença, o paciente consegue dormir. Mas em dois ou três meses, segundo o médico, a insônia é total. Segundo o doutor Géraud, o paciente pode ficar mais de um ano sem conseguir dormir. A identidade do policial que morreu vítima da insônia fatal foi preservada em razão do segredo médico -que proíbe a divulgação de qualquer informação relativa à saúde de um paciente. No mês passado, o ex-médico de François Mitterrand foi condenado à prisão por ter divulgado que o presidente francês tinha câncer. Próximo Texto: Nasa vai alugar seu novo ônibus espacial Índice |
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