São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996
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Segundo mandato deve adotar tom nacionalista

JAIME SPITZCOVISKY
DO ENVIADO ESPECIAL

Em seu novo governo, o presidente Boris Ieltsin deve trazer para o ministério personalidades que aumentem o teor de nacionalismo no Kremlin e dêem uma cor "mais social e menos capitalista" a suas reformas econômicas.
A estratégia visa brecar o avanço da oposição. O general Alexander Lebed e o primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin já acenaram com a disposição de entregar alguns ministérios a "pessoas profissionais" e a outras forças políticas do país.
Nem mesmo a participação dos adversários neocomunistas está descartada.
Em um novo governo Ieltsin, o tom nacionalista deve sair da boca de Alexander Lebed, recém-empossado secretário do Conselho de Segurança.
A Rússia, numa tendência verificada há alguns meses, vai começar a buscar um caminho próprio em sua diplomacia, livrando-se lentamente da dependência em relação aos países ocidentais construída pelo ex-chanceler Andrei Kozirev.
No plano econômico, espera-se no governo Ieltsin a adesão de Grigori Iavlinski, candidato derrotado no primeiro turno.
Economista defensor das reformas capitalistas, ele se notabilizou ao criticar o "caráter anti-social" das mudanças promovidas por Ieltsin.
Ziuganov
Se o vencedor da eleição presidencial fosse Guennadi Ziuganov, é provável que ele levasse adiante sua proposta de governo de "união nacional".
Ele pretendia entregar ministérios a aliados de Ieltsin, como Iuri Lujkov, o prefeito de Moscou, que antes mesmo da eleição rejeitou a idéia. O neocomunista propunha um governo de coalizão, pois avaliava não ter outra alternativa para que pudesse exercer o poder.
Sabia não contar em seu partido com quadros preparados para dirigir a segunda potência nuclear do planeta. Também era certo que enfrentaria a hostilidade do setor empresarial russo e de países ocidentais.
Analistas russos avaliam que, se chegasse ao poder, Guennadi Ziuganov não seria "tão vermelho" quanto na campanha eleitoral, ou seja, suavizaria as suas propostas "incendiárias" de fazer ressurgir o antigo sistema soviético.
A realidade do poder obrigaria as ações do neocomunista a se aproximarem do centro no leque da política russa.
Jirinovski
O neofascista Vladimir Jirinovski continua em campanha para participar do novo governo russo.
Famoso no folclore da política russa, o advogado Jirinovski se proclama o candidato ideal para ser ministro da Justiça.
Entre suas propostas figura a opção nuclear para acabar com o conflito na Tchetchênia, a região separatista no sul da Rússia.
Jirinovski disse que também não recusaria o cargo de ministro da Propaganda, a ser criado. Ele se recusou a detalhar os objetivos de tal pasta.
(JS)

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