São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996 |
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Ieltsin é reeleito presidente da Rússia
JAIME SPITZCOVSKY
A campanha eleitoral, em sua fase final, foi marcada pelos problemas de saúde de Ieltsin, 65. Ele desapareceu por cinco dias e ontem evitou jornalistas na hora de votar. Ieltsin alega ter perdido a voz com o esforço de campanha. No ano passado, ele enfrentou problemas cardíacos em duas ocasiões. Com mais quatro anos no governo, Ieltsin vai continuar as reformas pró-capitalismo implantadas desde chegou ao poder em 1991. Ziuganov, 52, defensor do nacionalismo russo e de maior intervenção estatal na economia, vai comandar uma oposição aguerrida, que controla a Duma (câmara baixa do Parlamento). "O resultado final deve mostrar uma diferença entre os candidatos menor do que 10%", opinou Viacheslav Novikov, assessor ieltsinista. A diferença cairia com o avanço da apuração de votos no sul da Rússia, reduto de Ziuganov. A pesquisa de boca-de-urna foi realizada pela empresa norte-americana Mitofsky e divulgada pela CNN, emissora de TV dos EUA. Anatoli Lukianov, deputado neocomunista, reconheceu a derrota. O chefe da campanha de Ziuganov, Valentin Kuptsov, disse que a "eleição foi limpa" e pediu calma à militância de seu partido. Na Rússia o voto não é obrigatório, e o governo temia uma participação abaixo de 60%, o que favoreceria Ziuganov. Os eleitores neocomunistas, disciplinados, tendem a comparecer mais às urnas. A Comissão Central Eleitoral estima que o comparecimento fique em 67%. No primeiro turno, atingiu 69,8%. Ziuganov não conseguiu apoio para o segundo turno, enquanto Ieltsin foi apoiado pelo general Alexander Lebed, que teve 15% a 16 de junho, e pelo economista Grigori Iavlinski, que teve 7%. Ieltsin venceu a segunda eleição presidencial direta da história russa, realizada quase cinco anos após o fim da União Soviética. Ieltsin governa a segunda maior potência nuclear do planeta e um país sacudido pelo aumento da criminalidade, das diferenças sociais e pela guerra na região separatista da Tchetchênia (sul do país). O presidente impediu que a Rússia repetisse tendência verificada na maioria dos países da Europa central e oriental, onde ex-comunistas voltaram ao poder após alguns anos na oposição. Texto Anterior: Segundo mandato deve adotar tom nacionalista Próximo Texto: Saúde de Ieltsin põe instituições em xeque Índice |
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