São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996
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Mestiça expulsa da tribo vira sem-terra

Índia agora vive com posseiros da região

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JERÔNIMO DA SERRA (PR)

Filha de um dos últimos sete índios reconhecidos como xetás puros ainda vivos, Sueli Tanguinha da Silva, 15, está acampada com o marido junto aos posseiros que contestam a demarcação da reserva Barão de Antonina.
Tímida, Sueli não sabe nem mesmo o significado de seu nome índio (Tanguinha).
Com um filho de três meses, ela afirma que foi expulsa da reserva São Jerônimo da Serra por ter casado "com um branco".
Seu pai, Tikei da Silva, foi encontrado por brancos ainda menino na região de Umuarama, no final da década de 50.
Segundo a administração da Funai de Londrina, existem hoje outros seis xetás distribuídos em reservas indígenas do Estado, mas sem chances de sobrevivência da etnia, já que são todos parentes próximos.
Segundo o administrador-substituto da Funai em Londrina, Joventino Domingos Aco, uma sétima xetá está desaparecida. A última informação é que ela se prostituía em São Paulo.
Extinção
Segundo o mestre em antropologia Lúcio Tadeu Mota, 42, professor da Universidade Estadual de Maringá, os xetás fazem parte de uma linhagem guarani. Contatados no noroeste do Paraná no início dos anos 50, em 1960 eles já estavam extintos.
A professora primária Marlene do Carmo Veloso, 31, criada entre brancos, quer recuperar sua identidade guarani. Segundo ela, uma das poucas guaranis na reserva, "é terrível ser minoria dentro da minoria".
Ela, que leciona para índios na reserva Barão de Antonina, diz que seu maior problema é ser considerada "branca entre os índios e índia entre os brancos".

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