São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996
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Quem manda

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Nelson Jobim só recebe hoje o relatório da Polícia Federal, feito pelo diretor da mesma e pelo "cão farejador".
Mas ontem o secretário-executivo do ministério adiantava, segundo a CBN, que ainda há muito o que apurar.
Certo, muito o que apurar, mas a cada fantasma que aparece se segue um desmentido -caso do mais recente, de um radioamador, ou do anterior, das vísceras.
O relatório, se confirmar o secretário-executivo, enterra outra intervenção federal, das várias tentadas por FHC para conter o faroeste brasileiro. Em todas, a presença "civilizadora" federal não mudou em nada o que se esperava da polícia e da Justiça.
No Pará, policiais e mandantes seguem livres para o inteiro esquecimento.
No Maranhão, os sem-terra que mataram seguranças de uma fazenda receberam uma decisão célere de prisão e estão sendo caçados. A intervenção comandada pelo mesmo secretário-executivo -sob as ordens de um FHC indignado com a cobertura que preservou os sem-terra- não mudou em nada o curso esperado e rotineiro.
Em Alagoas, o presidente que esperneie, mas o enredo é o mesmo. É o mesmo que fez o Fantástico questionar: quem manda em Alagoas? Pois quem manda -que família- é quem faz justiça.
No caso de Alagoas, uma justiça a ser cumprida por uma polícia irrecuperável -em avaliação interna da polícia, segundo a CBN. Irrecuperável por apadrinhamento e descontrole, que permite reincorporar policiais desligados por crime.
No caso do Pará, a impunidade certamente pesou no fuzilamento de um homem por policiais, num rio, em imagem que fez o Estado voltar à CNN. O corpo foi encontrado, segundo a Globo, com buracos nas costas, pescoço, cabeça -sempre por trás.
O delegado-geral da polícia paraense disse que ainda vai ver a cena "para analisar se houve excesso ou não".

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