São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996
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Encontrada segunda ossada no Araguaia

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

A comissão de peritos argentinos enviada pelo Ministério da Justiça para procurar corpos de guerrilheiros do Araguaia localizou ontem no cemitério de Xambioá (TO) uma segunda ossada de um adulto, ainda não-identificada.
Segundo os peritos, essa nova ossada tem marcas de fratura na perna e foi localizada onde a moradora da região Joaquina Ferreira da Silva apontou.
A ossada foi embalada e enviada a Marabá (PA), onde ficará guardada até o final dos trabalhos de escavações na região conhecida como Bico do Papagaio.
O Bico do Papagaio fica na divisa dos Estados do Pará e Tocantins, onde militantes do PC do B montaram destacamentos para combater o regime militar nos anos 70.
Identificação
Os dois corpos já localizados e os que forem encontrados serão levados a Brasília para identificação nos laboratórios do IML (Instituto Médico Legal) e da Universidade de Brasília.
O primeiro corpo, encontrado na sexta-feira em Xambioá, pode ser de Paulo Roberto Pereira Marques, cujo nome falso na guerrilha era Amauri.
O comerciante Manuel Ferreira Nascimento, que mora em Augustinópolis (TO), disse por telefone à Agência Folha ter visto um grupo de oito soldados do Exército cercar e matar Marques na mata em 1972.
Segundo Nascimento, que na época trabalhava em uma madeireira, Marques usava sempre uma calça de tergal azul. O corpo encontrado vestia restos de uma calça de tecido sintético azul.
A ossada encontrada tem marcas de traumatismos na perna e na cabeça. O comerciante disse que Marques levou tiros na cabeça.
DNA
O músico Júlio César Pereira Marques, irmão de Paulo Roberto, disse ontem em Belo Horizonte (MG), por telefone, que vai pedir a realização do exame de DNA na ossada desenterrada anteontem no cemitério de Xambioá.
"Se ficar comprovado que os ossos são do meu irmão, vamos pedir autorização ao Ministério da Justiça para enterrá-lo em Belo Horizonte", disse o músico.
Júlio César Marques disse que anteontem à noite telefonou para sua mãe para dizer que havia a possibilidade de o corpo do seu irmão ter sido localizado. "Minha mãe quer apenas que o caso seja definitivamente esclarecido."
A equipe continua hoje as escavações. Acabando o trabalho em Xambioá, eles retomam as escavações no DNER de Marabá.
A equipe que trabalha nas escavações informou ainda não ter dados para identificar os corpos.

Colaborou a Agência Folha, em Salvador

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