São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996
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PÓS EM PERIGO

Recente levantamento bienal do Ministério da Educação sobre a qualidade do ensino de pós-graduação no Brasil suscita algumas inquietações quanto ao futuro dos cursos de mestrado e doutorado no país.
Tradicionalmente, as mais expressivas performances do sistema escolar brasileiro vêm se concentrando no topo da pirâmide escolar. A manutenção dessas exceções de qualidade, no entanto, parece ameaçada.
Segundo dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), já se registra uma queda bem perceptível na qualidade nos cursos de mestrado. No biênio 92/93, 3% deles receberam conceitos D ou E, que indicam, respectivamente, insuficiência recuperável ou falta de condições mínimas para funcionamento. Já no biênio 94/95, esses conceitos foram atribuídos a 7,4% dos cursos de mestrado.
Em que pese o fato de terem sido adotados critérios mais rigorosos para a análise do último biênio, é inegável que a abertura pouco criteriosa de novos cursos de pós-graduação nos últimos quatro anos vem repercutindo negativamente nas avaliações. Em 92, havia 672 cursos de mestrado e 307 de doutorado. Em 96, já são 1.036 os de mestrado e 510 os de doutorado, para um total de 64 mil estudantes, segundo a Capes.
Não dispondo de mecanismos para determinar o fechamento ou pelo menos a reestruturação dos cursos com desempenho negativo, o Ministério da Educação se limita hoje a publicar os resultados das avaliações e não reconhecer os diplomas das instituições com baixo desempenho, o que ainda é muito pouco.
É fundamental que haja normas rígidas e claras para a abertura de novos cursos de pós-graduação (e também de todo o ensino). E que o cumprimento dessas normas seja constantemente fiscalizado. A "fabricação de diplomas" de graduação -que o ministério pretende coibir com a avaliação regular de formandos em todo o país- não pode atingir agora também as especializações.

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