São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996
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O ano do teste

VALDO CRUZ

Brasília - Depois de um início recessivo, o país voltou a crescer neste ano. A dúvida, agora, é se estamos vivendo um crescimento sustentável ou não.
Economistas como o deputado Delfim Netto dizem que não. Segundo eles, o país estaria crescendo agora apenas por causa das eleições municipais, que o PSDB, partido do presidente, quer vencer.
Em 1997, o governo teria de frear novamente a economia. Motivo principal: o câmbio sobrevalorizado, que pode levar o país a uma crise cambial.
Secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros diz que o país tem fôlego para voltar a crescer neste ano sem mudar a sua política cambial.
Ele não admite que o crescimento deste ano tenha um componente eleitoral. Mas concorda que 1997 será o ano do teste da política atual.
A chave, afirma, é o aumento das exportações. O governo trabalha com um cenário positivo. Vamos a ele.
O país estaria entrando na segunda fase da abertura comercial, quando as importações devem crescer num ritmo mais lento do que as exportações. E por quê?
O secretário responde: empresas estrangeiras, que na primeira fase apenas exportaram para o Brasil, estão montando unidades no país. Cita exemplos: a montadora Renault e a indústria de produtos de limpeza Vaporetto.
Em pouco tempo, o Brasil deixará de importar esses produtos. E, na terceira fase da abertura, essas mesmas empresas passarão também a exportar.
Mendonça de Barros considera ainda fundamentais três medidas: aumentar o financiamento para exportações, reduzir os custos que encarecem os produtos nacionais e acabar com a tributação sobre vendas externas.
Se tudo acontecer como a equipe econômica planeja, o país poderá continuar crescendo em 1997. Caso contrário, ou o crescimento será brecado mais uma vez ou virá uma desvalorização do real. Aí, o governo ficará com a fama de ter praticado um estelionato eleitoral em 1996.

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