São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996
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BC compra títulos da dívida para ajudar o Econômico

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documentos oficiais indicam que o Banco Central comandou uma operação de compra de títulos da dívida externa brasileira no mercado internacional para ajudar o Banco Econômico.
Em garantia de R$ 1,132 bilhão recebido do Proer (programa de ajuda aos bancos), o Econômico entregou R$ 1,358 bilhão em bônus ao par -um dos tipos de títulos da dívida externa.
Entretanto, o Econômico não possuía esses títulos até agosto do ano passado, quando sofreu intervenção do BC.
Ou seja: os papéis foram adquiridos quando o banco baiano já estava sob a administração do BC, situação em que se encontra até hoje.
Procurado pela Folha, o BC informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se pronunciaria sobre o assunto.
Papel barato
A compra de títulos da dívida externa no mercado internacional pode ser -ou não- um bom negócio para o governo brasileiro. Essa avaliação depende do preço pago pelos papéis.
Os bônus ao par, que são títulos com prazo de 30 anos e juros tabelados abaixo do mercado, são os papéis mais baratos da dívida brasileira.
Eles podem ser comprados no mercado internacional por cerca de 55% de seu valor de face. Por exemplo: um título com valor de face de US$ 1 pode ser comprado por US$ 0,55.
Documentos
Essas linhas foram liberadas nos dias 10 e 22 de maio (R$ 393 milhões e R$ 231 milhões, respectivamente) e no dia 20 de junho (R$ 508 milhões).
Os compromissos conhecidos do Proer já somam R$ 13,286 bilhões.
Pelo primeiro balanço do Econômico feito pelo BC, datado de agosto de 1995, o banco possuía R$ 510 milhões em quatro títulos da dívida externa -mas o bônus ao par não estava entre eles.
Esses quatro papéis -bônus de conversão, bônus de capitalização, EIs e IDUs- foram entregues, com outros títulos, em garantia de uma outra linha do Proer aberta ao Econômico, de R$ 2,954 bilhões.
Câmbio
No balanço do Econômico anterior à intervenção do BC, o banco declarava possuir R$ 353 milhões em títulos da dívida externa. A diferença de valor pode ser explicada pela variação da taxa de câmbio.
O total comprado pelo BC em nome do Econômico representa quase 13% do estoque dos bônus ao par da dívida brasileira.

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