São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996 |
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General diz que excessos foram isolados
SÔNIA MOSSRI
Gomes, 65, disse que as Forças Armadas não devem desculpas à sociedade civil. Folha - O sr. acha que as Forças Armadas podem reconhecer que cometeram excessos e pedir desculpas à sociedade civil? Oswaldo Pereira Gomes - Não. Não houve isso, a não ser em casos isolados. A comissão está aprovando o reconhecimento da responsabilidade do Estado. Estamos examinando quase todos os casos. O que resta é secundário e de difícil prova. Essa é a impressão deles (da comissão). Isso prova que o número de abusos foi muito pequeno e restrito a pessoas de nível muito baixo. Por que as Forças Armadas vão pedir desculpas por causa disso? Não tem por quê. Além disso, eles também fizeram a violência deles. Folha - O sr. pode deixar a comissão caso ela aprove a responsabilidade do Estado pela morte do guerrilheiro Carlos Lamarca? Gomes - Já temos um precedente, que é o caso da doutora Eunice Paiva. Ela foi obrigada a deixar a comissão por causa dos seus votos absolutamente corretos no sentido da aplicação da lei. Mas sofreu pressões de toda ordem. A situação dela tem alguma semelhança com a que enfrento. Folha - Que efeito teria para os militares o reconhecimento da responsabilidade do Estado no caso? Gomes - É um desestímulo ao profissionalismo. O profissional das Forças Armadas é preparado para a violência legal. Ora, se ele é condenado por isso, e os transgressores da lei são glorificados, não há estímulo na profissão. Folha - A comissão pode reconhecer a responsabilidade do Estado na morte de Lamarca? Gomes - Acho que não. Ele foi surpreendido dormindo. Texto Anterior: Laudo de Lamarca teve aval do Exército Próximo Texto: Regime militar foi 'horrível', diz FHC Índice |
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