São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996
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Garimpeiros ocupam o lugar do Estado

Estratégia é expulsar a Vale do Rio Doce

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA

O bloqueio das sondas de mineração de Serra Pelada (630 km ao sul de Belém) é a última fase da estratégia dos garimpeiros do local para expulsar de vez a Companhia Vale do Rio Doce da área.
A ofensiva começou com a criação do MLSP (Movimento de Libertação de Serra Pelada), que reuniu o sindicato, a cooperativa e a associação de garimpeiros e as associações de bairros e comercial. Com 14 líderes, o MLSP é a única "autoridade" no garimpo.
O objetivo do MLSP é vencer a estatal pelo cansaço, obrigando-a a retirar as sondas de um local que os garimpeiros consideram seu.
A atitude dos cerca de 500 garimpeiros, que bloqueiam as sondas da Vale há 67 dias, é a demonstração mais efetiva da ausência do Estado em Serra Pelada, uma terra sem autoridade.
O governo do Pará só mantém um posto telefônico e sete escolas para atender 6.800 habitantes.
Não há coleta de lixo, rede de água e esgoto ou Polícia Militar. Trabalham ali apenas quatro agentes da Polícia Federal. A rede elétrica é mantida pela associação comercial, que cobra R$ 2 de cada casa para manter a energia.
A cava de Serra Pelada é hoje um lago de quase cem metros de profundidade. Os 300 garimpeiros trabalham no "Garimpinho" -um buraco aberto ao lado da antiga cava.

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