São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996
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População fica mais velha e mais pobre

DA REPORTAGEM LOCAL

A população brasileira envelheceu, ficou mais pobre e é pior cuidada, segundo Elza Berquó, da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento, que participou de uma mesa-redonda ontem na 48ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
"Agora não só temos de cuidar da infância, mas dos idosos, cujo peso relativo na população vem crescendo", disse.
Dados mostraram que a maior parte dos chefes de família idosos -com 65 anos ou mais- ganha até dois salários mínimos, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), feito em 1991: 53,2% dos homens chefes de família ganham até dois salários mínimos, contra 72,9% dos chefes de família idosos que ganham esse valor.
Já as mulheres chefes de família que ganham até dois salários correspondem a 66,4%. As idosas chegam a 79,8%. "Isso mostra como é mais pobre a chefia idosa".
Escolaridade
Segundo a pesquisadora, a escolaridade dos idosos também é baixa. No último censo, 40% dos homens e 48% das mulheres declararam-se analfabetos.
Dados de 1993 mostraram que os brancos são maioria entre os idosos: 60,8% contra 38,1% de negros. "A discriminação racial fez com que sobrevivessem menos."
Segundo Berquó, a população também vem envelhecendo. Nos anos 70, idosos correspondiam a 3,1% da população. Em 91, a 4,8%. "Em 2020, devem chegar a 7,7%."
Já a porcentagem da população com até 14 anos passou de 42,6% nos anos 70 para 35% em 91. Em 2020, será 23,6%.
Para Berquó, isso se deve principalmente a uma redução da fecundidade. "Nos anos 70, o número médio de filhos por mulher era de 5,6. Em 91, passou para 2,5."
Reinternação
Jorge Alexandre Silvestre, do Ministério da Saúde, mostrou que entre os idosos há uma alta taxa de reinternação hospitalar.
Segundo ele, o número de hospitalizações a cada mil habitantes passa de 52,6 na faixa entre 0 e 14 anos para 197,2, acima de 60 anos.
Um estudo feito entre 91 e 92 em um hospital universitário e um privado revelou também que boa parte dos males ou problemas que acometem os idosos não é diagnosticada ou é subdiagnosticada.
"De 277 pacientes internados nesses hospitais, 5,05% tinham demência, mas nenhum foi diagnosticado; 87 dos 277 internados tinham incontinência urinária, mas só 19 foram diagnosticados e tiveram seu problema tratado."

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