São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996
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A pia da cozinha

THALES DE MENEZES

Wimbledon-96 teve de tudo. Chuva, uma zebra depois da outra, cantor improvisando show na arquibancada, um negro na final e uma peladona na quadra. Só faltou a pia da cozinha, como diz a gíria carioca.
Faltou uma coisa: público. A falta de crédito que os torcedores dispensam aos novos talentos do esporte é quase ofensiva.
Por que diabos a quadra não teve lotação total na final? Se Sampras estivesse lá, o público não iria faltar. Ora, por que não prestigiar Richard Krajicek?
Existe uma parcela dos apreciadores de tênis que pensa de maneira equivocada. Acha que uma final dessas foi "acidental". Ridículo! Se Krajicek bateu Sampras, tem todos os méritos e condições de dar um espetáculo digno da final de Wimbledon.
E deu. Arrasou MaliVai Washington. E olha que o norte-americano é um senhor devolvedor de saque. Contra o canhão do holandês, Washington conseguia rebater cruzadas de ângulos quase impossíveis.
Mas Krajicek mostrou que não é apenas um sacador. Tem bom jogo de fundo de quadra e, pasmem!, alguma sutileza no voleio, coisa rara nos anos 90.
O holandês merecia ter estourado antes. Em 93, teve fase excepcional, quando disparou até quinto no ranking. Uma contusão no US Open daquele ano custou meses de recuperação.
Agora, Krajicek volta a figurar entre os "top ten". E deverá ser uma das atrações do tênis em Atlanta (no qual tem boas chances nas duplas ao lado do compatriota Paul Haarhuis).
Do balanço de Wimbledon, ficam nomes que podem voltar em breve aos noticiários. MaliVai Washington é sempre boa atração na mídia. Afinal, foi o primeiro negro numa final de Wimbledon em 21 anos. Mas falta a ele um saque agressivo.
Já o australiano Jason Stoltenberg demonstra recursos para sonhar mais alto. Tem ótimo saque e incrível rapidez na rede.
No feminino, Graf e o troféu. Pura monotonia.

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