São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996 |
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"Falta um vilão em "007 contra Goldeneye"
EDSON FRANCO
Todos os ingredientes que arrebataram o séquito de fãs da série estão nesse filme. Há a arapuca inicial, da qual o espião escapa de maneira espetacular. Há bondgirls deliciosas. Há a ameaça vinda do espaço que deve ser combatida em terra. Há até as engenhocas especialmente criadas para o uso do espião. Mas, diferentemente das obras-primas da série, o que não há em "Goldeneye" é um inimigo temível e consistente. A dualidade Leste e Oeste, comunismo versus capitalismo, que tornava fácil a tarefa de criar os vilões, caiu junto com o Muro de Berlim. Então o que fazer para emprestar à vilania aquela característica inquestionável de maldade e ganhar a torcida da platéia para com a sorte do espião? A solução que os produtores encontraram foi colocar fardas na máfia russa. Ourunov, o principal vilão, tem pouco mais do que uma cara feia para despertar medo. E um público que já assistiu a duelos históricos contra Goldfinger, Largo e Scaramanga, nos filmes anteriores, não tem medo de um par de olhos arregalados. Mas, muito mais do que a máfia russa, o espião combate seu próprio passado e trava uma batalha mortal contra algumas leis. A primeira lei quebrada por Bond é a da gravidade. Ainda na cena inicial, o espião despenca de um penhasco e consegue alcançar e dominar um avião em queda desgovernada. Pierce Brosnan -o atual 007- consegue emprestar um pouco de dignidade a esses desvarios dos roteiristas. Passou no teste, é um sucessor à altura de Sean Connery e Roger Moore. Se os produtores resolveram manter a carcaça narrativa da série, mexeram sem reservas nos acessórios. E é aí que o filme provoca surpresas bem maiores que a cena inicial com o salto de "bungee-jump" em uma represa. "M", o chefe de James Bond, agora é uma mulher decidida, turrona, mas passível de emoções perigosas para quem chefia um departamento de inteligência. Moneypenny, a secretária sonhadora, comenta com Bond um jantar que teve com outro homem, além de alertar -de maneira leve- o risco que o espião corre de ser processado por assédio sexual. Quem mudou menos foi "Q", o inventor das engenhocas utilizadas pelo espião. A única diferença é que agora ele sorri. Afinal, não é dele a tarefa de bolar o vilão inverossímil do próximo filme da série. Filme: 007 contra Goldeneye Direção: Martin Campbell Distribuição: Warner (tel. 011/820-6777) Texto Anterior: Peça "Eduardo 2º" abre Avignon Próximo Texto: Seu nome é Bond, James Bond Índice |
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