São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996
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O humor de eleitores especiais

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O número mais recente da revista "Notícias", editada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mede o mal-estar difuso que planava no ar.
Dois anos após a implantação do Plano Real, o estado de ânimo dos industriais paulistas está mais para a inquietação do que para o otimismo. Os otimistas são 37% dos pesquisados, que perdem para os 37% de indefinidos somados aos 17% de pessimistas.
Resultado fácil de explicar: a comparação entre o primeiro e o segundo ano do real mostra que tudo piorou.
O faturamento diminuiu para 42% dos consultados e só aumentou para 32%. O emprego aumentou para 11%, mas diminuiu para 62%. O investimento diminuiu para 44% e cresceu para apenas 23%.
A margem de lucro reduziu-se para 80% dos pesquisados e só aumentou para 5%. As exportações diminuíram para 19% e aumentaram para 11%.
Pior: o terceiro ano do real não promete, sempre na visão dos industriais paulistas, grandes progressos, a não ser no capítulo inflação, que será melhor para 29% dos pesquisados e pior para apenas 9%.
Nos demais itens, o melhor ou perde sempre do pior ou, no caso da evolução da economia em geral, perde para a soma "pior"e "igual".
Do ponto de vista político, o significativo é o fato de que 42% acreditam que a credibilidade do governo ficará pior no terceiro ano do real contra apenas 9% que prevêem uma melhora nesse item específico.
Tudo somado, justifica-se plenamente que o estado de ânimo para o futuro seja cinzento, para dizer o mínimo. Só 13% cravam que o país caminha, "sem dúvida", para uma recuperação, somados a 16% mais moderados que esperam "um início de recuperação".
Os 71% restantes estão moderada ou definitivamente pessimistas. É importante notar que o público pesquisado é maciçamente formado por apoiadores e eleitores de FHC.

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