São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Stonewall é preferido do público nos EUA

ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA A FOLHA,

em San Francisco
O público que lotou os 1.500 assentos do Castro Theatre na noite de encerramento do 20º San Francisco International Lesbian & Gay Film Festival, em 30 de junho, Dia do Orgulho Gay, escolheu o filme "Stonewall", de Nigel Finch, como o preferido do evento.
No dia seguinte, o ator principal, Guillermo Diaz, a produtora Christine Vachon e o roteirista Rikki Beadle Blair comemoraram o sucesso em entrevista à Folha.
*
Folha - O sucesso no festival mostra que o filme agrada à comunidade gay. Será que o mesmo acontecerá com o público em geral quando o filme entrar em cartaz?
Rikki Beadle Blair - Assim como o livro de Martin Duberman, misturei verdade e romance no roteiro e acho que a história dos dois personagens principais tem a ver com relacionamento e amor.
Folha -Mas a sociedade mudou muito desde os anos 60.
Blair - Não escrevi o roteiro pensando só no que aconteceu na época, mas também agora.
Christine Vachon - Claro que há detalhes que chocam a sociedade. A BBC, que financiou o projeto, quis que a cena em que o travesti La Miranda (Guillermo Diaz) tira a maquiagem e peruca e beija o namorado (Frederick Weller) fosse eliminada, mas não aprovamos.
Folha - Foi difícil manter as idéias do diretor Nigel Finch para editar o filme depois de sua morte?
Vachon - Durante as filmagens Nigel teve controle total sobre as tomadas. Em seguida, ele piorou e aí levamos o equipamento de edição para a casa dele.
Folha - A recriação da história coloca os eventos que ocorreram em Nova York como os responsáveis pelos rumos do movimento de direitos civis dos gays desde então. Não haveria uma visão exagerada?
Vachon - É apenas uma das possíveis maneiras de ver a história. Claro que os que fizeram a marcha em Washington merecem tanto crédito quanto os envolvidos em Stonewall.
Folha - Por ter sido filmado no inverno mas ser ambientado no verão, o filme teve alguma cena que deixou a desejar?
Blair - A chuva atrapalhou bastante e o tempo frio tornou as cenas na praia muito duras.
Guillermo Diaz - As barras das minhas calças viviam encharcadas e era horrível usar sandálias com os dedos de fora. Eu havia quebrado a mão e usei um substituto para gesso que pode ser retirado. Mas estava tão frio que perdi o tato e por causa disso nem senti dor.
Folha - Foi difícil se vestir como mulher para representar?
Diaz - Foi muito engraçado. O mais chato foi ter que me barbear duas vezes por dia e afinar a sobrancelha.
Folha - Vocês fizeram o filme por causa do tema ou foi só um trabalho como outro qualquer?
Blair - Eu poderia morrer agora, plenamente realizado por ter escrito sobre Stonewall. O tema é uma obsessão antiga para mim.
Vachon - Nunca faço um filme porque acho que tenho obrigação e sim por que sinto que pode melhorar minha vida e a do público.
Diaz - Para mim, foi apenas mais um filme. Li o roteiro e adorei.

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