São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Filósofo prega acesso total à rede
GISELLE BEIGUELMAN
Medosch está no Brasil para participar do workshop preparatório do projeto Brasmitte, nova etapa do Arte/Cidade a ser realizada nos bairros do Brás (em São Paulo) e do Mitte (em Berlim) simultaneamente, com artistas suíços, alemães e brasileiros. Em entrevista exclusiva à Folha, ele adianta alguns dos temas que discutirá hoje na Casa das Rosas, em debate aberto ao público sobre as perspectivas da Internet. Ele aposta na consolidação de uma "metrópole virtual", onde seria possível viver a experiência da democracia digital -a "Telépolis". * Folha - Como a "Telepolis" começou? Armin Medosch - A "Telepolis" nasceu como um evento multimídia realizado em 1995, para o qual fui convidado a criar um site (www.lrz-munchen.de/MLM/telepolis), que foi a primeira "Telepolis". O público era de internautas e urbanistas, e tudo ficou polarizado entre a utopia da cidade virtual e a incapacidade dos urbanistas de lidar com um espaço sem ruas. Por isso, resolvemos fazer uma nova "Telepolis", revista que está on line desde fevereiro. Folha - Você é um crítico ferrenho da "Wired" e de campanhas que se alastraram pela Internet a favor da liberdade de expressão. Elas não são importantes para a consolidação da democracia digital que você defende? Medosch - A "Wired" é uma caricatura da Internet. É o veículo da ideologia das multinacionais das telecomunicações que essas campanhas trazem. A base da democracia digital não é a liberdade de falar e escrever o que se quer, é a posibilidade de acesso à rede. XS4All! Essa é a grande idéia. Não é casual que 50% do tráfego na Internet em Manhattan esteja concentrado em Wall Street. Exceto em países como a Holanda, essa situação se repete no mundo todo. Folha - Em que o perfil da Internet é diferente na Holanda? Medosch - É um país integralmente cabeado. As conexões são fáceis, baratas e boas. Existem organizações que deveriam ser tomadas como modelos para países como o Brasil. Existem servidores que permitem que as pessoas desenvolvam gratuitamente suas páginas em seu site, com um diferencial. Você nem sequer precisa ter um computador, é só ir até lá que eles lhe emprestam uma máquina e dão instruções básicas para construir seu site. É tudo grátis, mas se o seu site der certo, isto é, der lucro, você tem que migrar para outro servidor. É demais, não é? Folha - A Internet tem lugar para cultura nacional? Medosch - Para a cultura nacional, sim, para as fronteiras, não. A quebra das fronteiras não pode ser sinônimo de globalização, idéia velha e dependente da homogeneidade. Internet deve ser o mundo da diversidade, da diferença. Leia a íntegra desta entrevista no Universo Online (http://www.uol.com.br/fsp). Debate: As Perspectivas da Internet Onde: Casa das Rosas (av. Paulista, 37) Quando: hoje, às 16h (entrada franca) Texto Anterior: Exposição francesa chega à Pinacoteca Próximo Texto: Koelreutter debate hoje no Evento Laban Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |