São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996 |
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Blue Note All Stars mostram qualidade
CARLOS CALADO
"A idéia de juntar o grupo partiu mesmo do selo Blue Note, mas a música que nasceu dessa parceria não tem nada a ver com a gravadora", disse à Folha o saxofonista Javon Jackson, 30, respondendo às críticas de que a formação da banda seria uma "armação". Na verdade, exceto pelo nome inconveniente, o selo Blue Note apenas repetiu um velho hábito. Nos anos 50, costumava reunir músicos jovens que nunca haviam tocado juntos para gravar. Em geral, os resultados foram notáveis. Algo semelhante acontece em "Blue Spirit", o recém-lançado CD de estréia do grupo. Dele, além de Jackson, participam o pianista Kevin Hays, 27, o baterista Bill Stewart, 28, o sax alto Greg Osby, 35, e o trompetista Tim Hagans, 41. O contrabaixo do veterano Essiet Essiet completa o sexteto. "Depois das experiências que tive ao lado de mestres como Art Blakey, Freddie Hubbard e Elvin Jones, está sendo ótimo tocar com gente da minha geração", diz Jackson. "Todos no grupo são soltos e espontâneos, o que ajuda muito a criar boa música." Um traço marcante, que diferencia o estilo de Jackson, por exemplo, do vanguardista Greg Osby, é seu declarado interesse pela música popular brasileira. "Tudo começou em 1987, quando estive no Brasil com Art Blakey", lembra. "Foi uma experiência maravilhosa. Virei fã da MPB." O interesse, bem concreto, pode ser medido pelas gravações de "Inútil Paisagem" (de Tom Jobim) e "Etcetera" (Caetano Veloso), incluídas por Jackson em "For One Who Knows" (Blue Note), seu CD de 95, já lançado no Brasil. "No próximo, que deve sair em agosto, toco uma composição de Egberto Gismonti. Aliás, gravei com um percussionista brasileiro que eu adoro: Cyro Baptista, que já tocou com Paul Simon e Cassandra Wilson", diz Jackson. Entre seus favoritos na MPB, o saxofonista norte-americano também cita João Gilberto e Elis Regina. "É uma música muito próxima da que eu gosto de tocar, porque carrega muita emoção, drama e humor. É como o jazz: uma música com muito sentimento." O jornalista Carlos Calado viaja a convite das gravadoras EMI, PolyGram e Wea. Texto Anterior: Aumenta mistério da peça do herói oculto Próximo Texto: Nova diva; Pai do rock; Jazz em CD-ROM Índice |
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