São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996
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Samper diz governar "sem visto dos EUA"

Continente discute resposta

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Colômbia, Ernesto Samper, declarou ontem que não precisa de autorização dos EUA para governar o país.
Ele esteve em Ibaqué (centro-oeste), onde inaugurou obras de infra-estrutura. "Não preciso de visto para vir a Ibaqué nem para governar a Colômbia", disse.
Anteontem, o Departamento de Estado dos EUA cancelou o visto de entrada no país de Samper, acusando-o de colaborar com o narcotráfico. Samper pediu à população que se una contra o que chamou de ameaça à soberania.
Ele é suspeito de saber e aprovar a entrada de dinheiro do cartel de Cali em sua campanha eleitoral.
A Câmara dos Deputados determinou em 12 de junho o arquivamento do processo contra o presidente, por julgar insuficientes os indícios contra Samper.
Uma fonte do governo colombiano ouvida pela agência "Reuter" disse que, ao menos por enquanto, não deve haver retaliação. "Pode ser que estejam querendo isso, uma desculpa para fazer algo pior e pôr a culpa no presidente."
A imprensa colombiana especulava ontem que a primeira-dama da Colômbia, Jacquin Strouss, estudava a possibilidade de usar o fato de ser cidadã dos EUA para exigir o visto para seu marido.
Um porta-voz do Departamento de Estado disse ontem que o cancelamento do visto não impede que Samper vá à Assembléia Geral da ONU em setembro, em Nova York, falar sobre os esforços de seu governo contra o narcotráfico.
Brasil
O governo brasileiro está em contato com os 11 países que compõem o Grupo do Rio (América Latina e Caribe) para definir uma posição conjunta sobre o tema.
Segundo a Folha apurou, a iniciativa americana foi interpretada no Itamaraty como medida legal.
Ou seja, qualquer país tem direito de definir quais pessoas podem entrar no seu território. Mas diplomatas brasileiros argumentam que os objetivos do presidente Clinton foram político-eleitorais.

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