São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Médicos ainda usam furadeiras e serras

ESPECIAL PARA A FOLHA

Furadeiras e serras elétricas fazem parte do arsenal médico. Ossos são objetos particularmente duros e às vezes precisam ser cortados.
"Outro exemplo de arcaísmo em medicina é a amputação de um membro, como uma perna infectada ou gangrenada. É horrível, mas necessário. Vem sendo feito há muitos e muitos anos", diz o médico Eduardo B. Bertero.
Felizmente, os antibióticos, ao diminuírem o índice de infecção, têm tornado mais raras as amputações nesses casos.
A amputação é "um procedimento cirúrgico que considero arcaico e, por que não dizer, até uma negação do ato médico como uma atitude que visa preservar e corrigir ou melhorar. Não deixa de ser um atestado da incompetência da medicina para o tratamento daquele mal que levou à amputação", diz Robert Barr.
"Posso constatar que existem muitos procedimentos antigos e muitos recentes que tenho que incorporar todo dia. Assim que um procedimento antigo se mostra prejudicial à saúde, ele é deixado de lado por quem pratica uma medicina séria. Por isso não podemos falar em boa ou má medicina em relação a um certo procedimento ser arcaico ou moderno", acha Olaf Kraus de Camargo, que trabalha em Ulm, Alemanha.
Para fazer medicina séria, poder apalpar, percutir e auscultar, um médico precisa de tempo. A consulta "representa o ato médico mais importante e complexo", diz João Aris Kouyoumdjian, de São José do Rio Preto (SP).
"Por outro lado, poucos médicos conseguem remuneração adequada apenas trabalhando com consultas; os planos de saúde pagam muito pouco a consulta. Do ponto de vista prático, poderíamos dizer que o médico começa a ter algum lucro mensal após a centésima (100ª!!!) consulta; é um absurdo."

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