São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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BCN assume controle do Itamarati

DA REPORTAGEM LOCAL; DA REDAÇÃO

Redação
Os bancos BCN e Itamarati anunciaram ontem, em entrevista coletiva na sede do Itamarati, em São Paulo, sua fusão, em um negócio avaliado em cerca de R$ 1,2 bilhão -soma dos patrimônios líquidos dos dois bancos.
A coletiva começou às 12h20. Estavam presentes os presidentes do BCN, Pedro Conde, e do Itamarati, Olacyr de Moraes.
Será criada uma holding em que o BCN (famílias Conde e Grisi) deterá 75% das ações. Olacyr de Moraes ficará com os 25% restantes. O presidente da holding será Conde.
A partir de amanhã, o Banco Itamarati abrirá sob gestão do BCN. Com isso, o BCN passará a ser o sétimo banco no ranking nacional (quinto entre os privados).
Rentabilidade
O BCN e o Itamarati têm rentabilidade acima da média das instituições de maior porte.
A do Banco de Crédito Nacional foi de 17,1% no ano passado, segundo o anuário Folha 500. A do Itamarati chegou a 18,6%.
Rentabilidade é a relação entre lucro líquido e o capital investido. Quanto melhor o desempenho do banco, maior a rentabilidade.
No ano passado, a rentabilidade dos bancos foi negativa (-1,96%) porque a média foi puxada para baixo devido ao prejuízo de US$ 4,3 bilhões do Banco do Brasil.
Os maiores bancos privados -como o Bradesco, Itaú, Mercantil de São Paulo e Real- apresentaram rentabilidade entre 10% e 11%. Dos grandes, o Bamerindus ficou na lanterninha, com 7,5%.
Encolhimento gradual
O fato de o BCN e o Itamarati terem rentabilidade acima da média desafia a percepção generalizada de que apenas os bancos com sérias dificuldades estariam procurando o caminho das fusões.
Essa percepção vem sendo disseminada desde meados do ano passado, com o desfecho dos casos do Nacional e Econômico, dois bancos problemáticos.
Mas não são apenas instituições com esse perfil que deverão desaparecer a médio prazo. O mercado tem como cenário mais provável o encolhimento gradual do setor, que ainda está em processo de adaptação à moeda estável.
Com a inflação mais baixa, acabaram os ganhos fáceis. Hoje, é preciso dar crédito e correr o risco de não recebê-lo de volta.
Para os especialistas, são poucos os bancos de varejo que, nesse ambiente, conseguirão sobreviver sozinhos. A opção do BCN, ao incorporar o Itamarati, seria exatamente uma tentativa de garantir uma vaga no seleto grupo sobrevivente.

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