São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Herdeiro da Lupo dirige a Reebok no país

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Imagine comprar um sorvete Kibon que não foi fabricado pela Kibon. Ou então imagine a Ford sem nenhuma das suas fábricas.
Essa é a fórmula de atuação de uma empresa que obteve um faturamento mundial de US$ 3,5 bilhões no ano passado com as vendas de produtos esportivos com sua marca. A Reebok não tem e nunca teve fábricas.
Não tem também depósitos e sistemas próprios de distribuição. Como nos outros 140 países em que atua, tudo é encomendado junto a fabricantes, locais ou de outros países, ou terceirizado.
No Brasil, essa rede de fornecedores e prestadores de serviços que forma a Reebok é dirigida por Elvio Lupo Junior, 42, um dos herdeiros da fábrica de meias Lupo, uma das mais tradicionais do setor, fundada em 1921 em Araraquara, no interior de São Paulo.
Elvio Lupo foi convidado, em 92, para montar a Reebok no país pela Grendene, fábrica gaúcha de calçados. A Grendene é um dos três sócios da Reebok brasileira, ao lado da Reebok americana e de uma empresa argentina.
Na verdade, foi Lupo quem primeiro procurou os irmãos Pedro e Alexandre Grendene, dirigentes e controladores do grupo que leva seu sobrenome.
Em 1991, Elvio Lupo ainda era diretor da empresa da sua família. Na época, a companhia estava em pleno processo de profissionalização e Elvio, filho do presidente da empresa e um dos seus diretores, já começara a buscar um posto de executivo em outra companhia.
Em vez de falar apenas com "head hunters", ele decidiu conversar também com donos de empresas e altos executivos, em especial os do setor de vestuário, onde ele já atuava. "Um herdeiro que trabalha numa empresa familiar é considerado carta fora do mercado de trabalho e precisa inovar para continuar na sua carreira como executivo", explica.
Depois de sair da Lupo e fazer um curso de reciclagem para executivos na Suíça, Lupo foi o primeiro contratado da Reebok brasileira. Hoje, o mercado brasileiro já é o quinto maior para a Reebok, depois dos EUA, Inglaterra, Alemanha e França.
Boa parte do que a empresa vende no Brasil vem dos países asiáticos. Há possibilidade de aumento nas encomendas locais, especialmente de confecções, afirma Lupo.
Diversificação
O próximo passo da Reebok no país é diversificar sua linha de produtos, hoje concentrada nos sapatos e confecções esportivos. A decisão faz parte da sua estratégia para transformar o Brasil no segundo maior mercado no mundo, atrás apenas do americano, num prazo de três a cinco anos.
Essa diversificação está começando com a venda de produtos para academias de ginástica, como plataformas, pesos e fitas de vídeo.

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