São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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O efeito Bosman

SÍLVIO LANCELLOTTI

Primeiro se foi Gianluca Vialli, ao Chelsea da Inglaterra, um contrato em torno de US$ 6 milhões. Depois se despediu Fabrizio Ravanelli, vendido ao Middlesbrough de Juninho, um negócio de US$ 17,5 milhões (US$ 5,5 milhões para o atleta e US$ 12 milhões para a equipe).
Em um mês a Juventus de Turim, a campeã da Europa, se desfez dos seus dois atacantes. Os goleadores da equipe.
Verdade que Vialli já tem 33 anos e seu contrato estava prestes a terminar. Ravanelli, contudo, ainda não fez 28 anos e permaneceria ligado à "Senhora" de Turim até junho de 98.
Mais. Pela primeira vez na história do futebol do mundo a Itália permitiu a negociação de um titular da sua seleção.
Mais. A Internazionale de Milão cedeu o brasileiro Roberto Carlos ao Real Madrid. A Lazio cedeu Di Matteo, também da "Squadra Azzurra", ao Chelsea. O Milan cedeu Donadoni, também da "Azzurra", aos Metrostars dos EUA e cedeu Di Canio aos Rangers de Glasgow.
A Roma cedeu o capitão Giannini ao Sturm Graz da Áustria. A Sampdoria cedeu Seedorf, titular da Holanda, ao Real Madrid.
Que acontece com o "calcio", o futebol supostamente mais rico e mais bem organizado do mundo? Nada além da inevitável consequência da chamada "Sentença Bosman", que acabou com o passe e com a limitação ao número de estrangeiros nos clubes da Europa.
Como esta coluna havia antecipado, os clubes da Itália estão torrando os seus jogadores mais famosos e caros antes que se encerrem os seus vínculos, para não perderem dinheiro depois.
E haverá novas transferências até o final de julho, quando acabam os vínculos de muitos celebrados jogadores da Bota.
Os primeiros a partir são afortunados. Vão receber salários maiores aos que merecem. Mas logo o mercado se acomodará. Os últimos, no caso, se tornarão mesmo os pobres derradeiros...

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