São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996 |
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Chegou a hora dos invisíveis amigos de Zagallo
ALBERTO HELENA JR.
Mas, obviamente, não terá o mesmo empenho. Para eles, é um jogo-exibição; para nós um treino coletivo. Mas é treinando que se apura o conjunto, e o time de Zagallo já deu no meio da semana sinais de que está bem próximo da harmonia coletiva indispensável para sonharmos com o ouro olímpico. Pois, se aos dinamarqueses faltava experiência, nossos meninos tampouco deram tudo, com as exceções de sempre: Amaral, Flávio Conceição e Zé Elias, compulsivos guerreiros. Rivaldo, Juninho, até mesmo Bebeto e Ronaldinho, que saiu de campo com a coroa de louros, assim como Roberto Carlos e Zé Maria, só se arriscavam na boa, o que é ajuizado, nas atuais circunstâncias. Mesmo assim, depois dos vacilantes dez minutos iniciais, a moçada se soltou e deu uma exibição de primeira, com as ressalvas de praxe. * Ronaldinho ou Sávio? Eis a questão que restou. E é o que deve estar preocupando o supersticioso Zagallo, menos pela escolha em si e muito mais pelo fato de que nunca saímos daqui para uma Copa, tampouco Jogos Olímpicos, tão certinhos. Com uma única exceção: a Copa de 82, para a qual tivemos uma preparação irrepreensível -e o time caminhou sobre estrelas até mergulhar nas trevas de Sarriá. Mas, nesses insondáveis desvios do sortilégio, Zagallo parece mover-se com desenvoltura. Portanto, resta a questão: Ronaldinho ou Sávio? Sávio representa o contragolpe, veloz, incisivo, mortífero. Tem melhor domínio de bola e dribla com facilidade, sobretudo em plena carreira. Ronaldinho, se não tem o mesmo esmero técnico, embora saiba trabalhar a bola também, tem a finalização e as deslocações, que servem a seus companheiros, às vezes, mais do que um centro perfeito. Quando parte com a bola dominada, alia velocidade, força e técnica para chegar na cara do gol. E, por fim, é dono de uma massa muscular, que, no caso, pode ser decisiva. Sim, porque lá já temos Bebeto e Juninho, dois atacantes franzinos. Ronaldinho seria a compensação, juntamente com Rivaldo. Em seleção, porém, o mais sábio é deixar as coisas rolarem como o programado. As alterações, se vierem, ficarão por conta dos invisíveis amigos de Zagallo. * Alguma surpresa com o desenrolar do caso Edmundo? Para mim, nenhuma, pois jamais me convenceram suas reiteradas juras de amor ao Corinthians, embora até pudessem ser autênticas, dependendo das circunstâncias, posto que o espírito de Edmundo é muito volátil. A bem da verdade, o equívoco da diretoria corintiana não foi tanto contratá-lo. Afinal, é um excelente jogador, e, quem sabe, pelo preço módico da ocasião valesse a pena arriscar. O erro foi não ter dado um basta nessa história ao final do Paulistão, quando já estava evidente que a possível solução era um problema insolúvel. Texto Anterior: Havelange vê Fifa como agente da paz Próximo Texto: O efeito Bosman Índice |
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