São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Aberta nos EUA a temporada de furacões

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O Bertha inaugurou a temporada de furacões de 1996 na Costa Leste dos EUA. A expectativa é que este ano haverá menos furacões do que em 1995, quando 11 se formaram de 19 tempestades tropicais.
Em junho, a tempestade Arthur não chegou a virar furacão. Mas o Bertha foi classificado em alguns momentos na categoria 3, que provoca danos "de moderados a sérios" a construções.
Segundo o meteorologista William Gray, só dois furacões passarão da categoria 2 este ano. Mas ele mesmo admite que essa previsão é muito pouco precisa.
A ciência da meteorologia tem avançado muito nos últimos 25 anos. Mas ainda é difícil qualquer precisão sobre como será o tempo dentro de cinco dias.
O interesse quase ansioso dos moradores das 50 milhões de casas da Costa Leste pelos furacões é justificável. Toda a região, do Maine ao Texas, está sujeita a eles.
Os furacões se formam no oceano Atlântico e avançam com frequência para a costa dos EUA, deixando quase sempre um rastro de destruição nas ilhas do Caribe.
No oceano Pacífico, essas tempestades se chamam tufões. No oceano Índico, são chamadas simplesmente de ciclones.
Quando uma dessas tempestades atinge áreas populosas, os resultados podem ser catastróficos. O exemplo mais recente foi o Andrew, em agosto de 1992, que praticamente aniquilou Homestead e Florida City (Flórida) e Morgan City e Lafayette (Louisiana).
O Andrew matou cerca de 40 pessoas e provocou prejuízos materiais de US$ 20 bilhões. Antes, em 1989, o Hugo matara mais de 500 pessoas.
Os furacões também podem provocar danos políticos. O presidente George Bush foi muito criticado pela demora do socorro federal durante a tragédia do Andrew e o então candidato Bill Clinton capitalizou o incidente.
Agora na Presidência, Clinton não quer passar pelo mesmo processo. Ele está sendo mais do que cuidadoso com os furacões. No caso do Bertha, assessores estiveram na TV com frequência dizendo que eventuais vítimas teriam ajuda monetária em cinco dias e primeiros socorros de imediato.
Apesar de enorme custo -US$ 650 mil por milha evacuada-, o governo federal está ajudando os estaduais a retirarem o maior número possível de pessoas das áreas sob qualquer risco de serem atingidas por furacões.
Para reduzir os prejuízos, a precisão da meteorologia é decisiva. No ano passado, o furacão Opel chegou ao continente antes e com muito mais força do que o previsto e deixou uma conta de US$ 3 bilhões em danos materiais.
Clinton investe bastante na modernização do sistema de meteorologia. Mas a população da Costa Leste cresce entre 3% e 4% ao ano.
Vários meteorologistas dizem que por mero acaso grandes cidades com vastas áreas baixas e muito povoadas e, portanto, mais vulneráveis do que as outras aos efeitos de um furacão (Nova Orleans, por exemplo), não têm sido atingidas por eles.
O mais recente episódio de furacão em Nova Orleans, em 1893, provocou mais de 1.800 mortes, numa época em que a população era no máximo um décimo da atual. Agora, apesar da melhor meteorologia, o número de vítimas poderia ser muito maior.

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