São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Meteorologia recebe US$ 400 mi por ano

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Embora o governo Bill Clinton esteja injetando US$ 400 milhões por ano no serviço de meteorologia, os responsáveis pela previsão do tempo nos Estados Unidos se queixam de falta de recursos e de dados para fazerem seu serviço.
No caso de furacões, por exemplo. Sobre todo o mar do Caribe, só existe um balão meteorológico para pesquisar as condições de temperatura, umidade, pressão e velocidade e direção dos ventos, a matéria-prima para qualquer análise meteorológica.
Sem contar que os balões são considerados uma tecnologia antiquada, em uso desde a Segunda Guerra Mundial.
Apesar de ser uma indústria que fatura US$ 150 milhões por ano com o fornecimento de boletins para agricultores, companhias aéreas, empresas de construção civil e o público em geral, o serviço de meteorologia nos Estados Unidos ainda necessita de muito para se modernizar.
Coleta de dados
Este ano, pela primeira vez, um jato chamado Gulfstream (com custo estimado em US$ 46 milhões) está ajudando na coleta de dados sobre furacões.
O Gulfstream é capaz de voar 12 km acima de um furacão e, ao acompanhá-lo, dar informações que, com outras, colhidas por sensores na superfície do mar, permitirão antecipar melhor a sua rota.
As pessoas reclamam, como em todo o lugar, sempre que a previsão do tempo se prova errada. Mas os avanços têm sido enormes.
Por exemplo, em relação aos tornados. Na década de 1930, morriam nos EUA em média 195 pessoas por ano vítimas de tornados.
Na década de 1970, o número já era de 100. Na década de 1980, chegou a 52. Ao fim do século, espera-se que atinja o patamar de 25.
Cautela
Muitas vezes, como no caso do furacão Bertha, as autoridades estão preferindo pecar pelo excesso de cautela.
Desde a última terça-feira os meteorologistas norte-americanos diziam que o furacão entraria no continente pelo Estado da Carolina do Norte.
Mas como não havia 100% de certeza, centenas de milhares de pessoas na Flórida, Geórgia e Carolina do Sul tiveram que deixar suas casas e hotéis e foram levadas para locais mais distantes do mar. Afinal, a previsão estava absolutamente correta.
O maior progresso recente na meteorologia tem sido na análise dos dados, graças a sofisticados programas de computador.
Por causa deles, hoje em dia, a previsão do tempo com 48 horas de antecedência é tão precisa quanto a de 12 horas de antecedência em 1985; a previsão com uma semana de antecedência é tão precisa quanto a de dois dias em 1975.
Em 2003, ao final dos dez anos previstos para a sua renovação, o Serviço de Meteorologia norte-americano será capaz de determinar quais ruas de uma cidade serão atingidas por um tornado.
Além disso, segundo o meteorologista Dennis McCarthy, vai ser possível indicar quais as exatas áreas da costa que precisam ter sua população retirada por causa de um furacão.

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