São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Mandela reverte imagem em Londres

The Independent
de Londres

ANTHONY BEVINS; MICHAEL STREETER
DE LONDRES

ANTHONY BEVINS e
MICHAEL STREETER
em Londres
A recepção calorosa do Parlamento britânico a Nelson Mandela semana passada formou um contraste marcante com 20 anos de silêncio na Câmara dos Comuns.
Na quinta-feira o presidente sul-africano foi honrado com a rara oportunidade de dirigir-se às duas câmaras do Parlamento. Mas uma pesquisa que o "Independent" realizou no registro nas atas do Parlamento mostra que mesmo logo após sua prisão o nome de Mandela não foi mencionado.
O registro indica que o nome de Nelson Mandela foi mencionado na Câmara dos Comuns pela primeira vez só no dia 9 de março de 1983, numa pergunta feita pelo deputado trabalhista Ken Eastham.
Em sua autobiografia "Conflict of Loyalty" (Conflito de Lealdade), o ex-chanceler Geoffrey Howe conta que ainda em outubro de 1987, após conferência de líderes do Commonwealth realizada em Vancouver, Margaret Thatcher qualificou o Congresso Nacional Africano (CNA) de "uma organização tipicamente terrorista". Sir Geoffrey comentou em tom triste: "Ainda reinava o absolutismo".
Em 1990, quando Mandela negou-se a encontrar Margaret Thatcher em uma visita a Londres, o deputado conservador Terry Dicks perguntou: "Por quanto tempo ainda a primeira-ministra vai se deixar ser chutada na cara por esse terrorista negro?"
Na segunda-feira o deputado trabalhista Brian Wilson, que integra o gabinete da oposição, exigiu que John Bercow, candidato parlamentar conservador a Buckingham e ex-assessor político da secretária do Patrimônio Nacional, Virginia Bottomley, se desculpe pelos insultos feitos a Mandela pela Federação de Estudantes Conservadores (FEC) na época em que ele ocupava sua presidência.
"Se mantiver silêncio, isso vai mostrar que continuamos com os mesmos velhos conservadores de sempre, com a mesma velha história de intolerância e preconceito."

Tradução de Clara Allain

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