São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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No Brasil, só 5% podem comprar remédios

JAIRO BOUER
DO ENVIADO ESPECIAL

O Brasil vai enfrentar muita dificuldade para conseguir oferecer, em larga escala, o novo coquetel de drogas para os pacientes com HIV.
Apenas 5% dos pacientes têm condições de comprar os novos medicamentos por conta própria. Os outros 95% (mais de 40 mil pacientes) recebem seus remédios antivirais da rede pública.
O país tem hoje cerca de 45 mil pacientes com Aids. O número estimado de pessoas contaminadas pelo vírus é de 450 mil a 500 mil.
Até hoje, só o AZT, o ddI e o ddC estavam à disposição dessas pessoas e, nem sempre, com regularidade. O tratamento de cada paciente com o novo coquetel deve custar cerca de R$ 1.000 por mês.
Durante a conferência no Canadá, a coordenadora do programa de combate à Aids do Ministério da Saúde, Lair Guerra de Macedo, confirmou que vai ter R$ 70 milhões em 96 e R$ 200 milhões em 97 para aquisição de medicamentos.
Lair vai comprar o 3TC e um inibidor da protease, que ainda deverá ser escolhido.
Em um primeiro momento, apenas 30% dos pacientes da rede pública, que estão em estado mais grave, devem receber o esquema tríplice -o novo coquetel.
Além dos antivirais, a maioria dos pacientes vai enfrentar uma série de obstáculos. Muitos remédios necessários para combater as infecções oportunistas nem sempre são encontrados na rede pública de saúde.
Outro ponto delicado é a avaliação dos pacientes que estão tomando o coquetel. Esse dado só é possível através de exames periódicos que avaliam a carga viral.
O teste não é feito em larga escala por nenhum laboratório do Brasil. O custo do teste é de aproximadamente R$ 200. Lair afirmou que já está estudando a implantação de um centro laboratorial que possa fazer os exames no Brasil.
(JB)

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