São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Inflação e emprego

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Escaldados por anos de superinflação, os brasileiros aceitam qualquer sacrifício, inclusive desemprego elevado, desde que a inflação se mantenha baixa, certo? Nem tanto, apurou uma pesquisa feita pelo economista Robert Shiller (Yale University), conforme relata o número da semana passada da revista britânica "The Economist".
Shiller perguntou a 600 pessoas (brasileiros, norte-americanos e alemães) o que preferiam, entre dois cenários: inflação de 2% ao ano, com desemprego de 9%, ou inflação de 10% ao mês, com desemprego de apenas 3%.
Surpresa: 46% dos brasileiros ouvidos preferem a hipótese 2. Ao contrário de 70% dos norte-americanos e alemães, que ficam com o cenário 1.
A revista não adianta explicações para a surpresa. Surpresa tanto maior quando se verifica que, em outra pergunta da mesma pesquisa, mais de 80% dos consultados, nos três países, responderam que concordam "plenamente" ou "razoavelmente" com a proposição de que controlar a inflação é uma das mais importantes missões da política econômica.
Talvez a pesquisa seja pouco representativa, até pelo número de pesquisados.
Mas, de todo modo, há uma brecha de gerações na avaliação da inflação, ao menos entre norte-americanos e alemães.
Os norte-americanos mais velhos (nascidos antes de 1940) são majoritariamente (69%) a favor da tese da importância de se controlar a inflação. Já entre os mais jovens, a simpatia pela idéia cai para 44%.
Na Alemanha, a brecha é bem maior: 90% dos mais velhos querem inflação como prioridade e só 51% dos nascidos após 1950 têm idêntica preocupação.
"Futuros bancos centrais, é melhor ficar alertas", conclui a revista.

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