São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Dúvidas cercam morte de Otoniel Barreto

DA ENVIADA ESPECIAL A BROTAS DE MACAÚBAS

O laudo cadavérico de Otoniel Campos Barreto surpreendeu o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), representante da Câmara na Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos.
"O tiro no olho pode indicar que houve execução. Se ele estava fugindo, de costas para os militares, como foi atingido no olho?"
O laudo mostra que três outros tiros atingiram Barreto -dois nas costas, perfurando um pulmão, baço e fígado, e um no ombro.
O guerrilheiro teria sido morto ao tentar fugir da guarda do policial Reuel Pereira da Silva.
Em depoimento feito à época na Auditoria Militar, Silva contou que os outros policiais, que estavam dentro da casa, saíram atirando ao perceber a fuga. Portanto, Barreto estaria de costas para eles.
Documento assinado pelo coronel Luiz Arthur de Carvalho, diretor da PF na Bahia, encaminhando os corpos de Otoniel Barreto e Luiz Antônio Santa Bárbara para a perícia no IML do Estado, também surpreendeu o deputado mineiro.
"O próprio coronel diz que os dois foram 'abatidos' dentro da casa. Logo, não houve nem o suicídio de Santa Bárbara nem a tentativa de fuga de Otoniel", diz.
Na época, a versão apresentada à família de Santa Bárbara informava que o guerrilheiro havia se suicidado com um tiro no ouvido durante o cerco à fazenda Buriti.
Essa verão é posta em dúvida por uma divergência entre a arma que seria do guerrilheiro e o calibre da bala que o atingiu.
O policial federal Emanuel Cerqueira Campos, em depoimento na Auditoria Militar, afirmou que a arma recolhida com Santa Bárbara era um revólver calibre 32.
Já o coronel Luiz Arthur de Carvalho encaminhou para perícia no IML uma bala calibre 38 que teria sido encontrada no guerrilheiro.

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