São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Valor dos bens não supera 2% do prejuízo

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bens declarados pelos 25 ex-administradores do Banco Nacional não chegam a cobrir 2% do prejuízo de R$ 7,594 bilhões gerado na instituição.
A Promotoria de Justiça, Falências e Concordatas de Belo Horizonte calcula, em avaliação considerada "otimista", que os bens somam, aproximadamente, R$ 150 milhões.
Já o prejuízo supostamente provocado pelos ex-administradores foi estimado no relatório da comissão de inquérito do Banco Central no Nacional, concluído na semana retrasada.
Ainda que todos venham a ser condenados a cobrir o rombo, os bens pagariam apenas 2,5% dos empréstimos que a instituição recebeu do Proer (programa de ajuda aos bancos), que totalizaram R$ 5,898 bilhões.
O dinheiro serviu para viabilizar a venda de parte "boa" do Nacional ao Unibanco.
O promotor que assina o pedido de arresto dos bens, Sérgio Lima de Souza, disse à Folha que a avaliação foi realizada pela média dos preços de mercado.
Disparidade
O pedido de arresto é preparatório para uma ação de responsabilidade pelos prejuízos. O arresto coloca os bens à disposição da Justiça para que possam vir a ser usados para cobrir o rombo.
A avaliação dos bens declarados teve o objetivo de mostrar a disparidade entre o seu valor e o prejuízo apontado pela comissão de inquérito do BC, disse o promotor.
Os irmãos Magalhães Pinto colocaram entre os bens títulos de clubes com acesso restrito, no Rio de Janeiro. Eduardo de Magalhães Pinto citou a lancha denominada "Vida Dura" como um bem que poderá ser utilizado para cobrir o rombo no Nacional.
"Considerando-se que a diferença não está em local conhecido e não foi informada pelos ex-administradores, pergunta-se: onde está o dinheiro?", diz a medida cautelar de arresto dos bens, com pedido de liminar.
Há suspeitas de que os bens não declarados possam estar no exterior. Outra possibilidade é que jóias, quadros, terras e outros valores móveis, por exemplo, estejam escondidos.

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